sexta-feira, 10 de junho de 2016

Poesia: "O matuto é diferente de tudo que há no mundo", um poema Antônio Carneiro



O MATUTO É DIFERENTE
DE TUDO QUE HÁ NO MUNDO

Ele usa alpercata
De pneu maciço e sola
Com sapato joga bola
Anda descalço na mata.
Não conhece magnata
Só come em prato fundo
Dar resposta num segundo
No bolso coloca o pente
O matuto é diferente
De tudo que há no mundo.

Andar faceiro na rua
Com a calça apertada
A barguilha afolozada
Viver no mundo da lua.
Vender Guiné e Perua
A quem não é oriundo
Sonhar um sonho profundo
De casar com a parente
O matuto é diferente
De tudo que há no mundo.

Sem saber por onde pisa
Ele pisa em todo canto
Se encosta num recanto
Pra abotoar a camisa.
Se rasgada ele utiliza
Do pensamento fecundo
Se o pano estiver imundo
Ele a veste inversamente
O matuto é diferente
De tudo que há no mundo.

Poeta Antônio Carneiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário