MATA RUDE
Contemplando a natureza
Sinto a alma deslumbrada
Olhando a grande beleza
De monte, vale e chapada
Lá, além, na esplanada
Os gigantescos coqueiros
Lembram antigos guerreiros
Os velhos Hércules túmidos
De pé, nos barrancos úmidos
Desafiando os janeiros
Estas soberbas braúnas
Que há muitos anos secaram
Foram possantes colunas
Que com o tempo tombaram
Estes cedros que ficaram
Com vigor robusteceram
Fortes tormentas venceram
Como guerreiros ousados
Com feros tigres rajados
Antigamente viveram
Estas planícies de areia,
Aqueles carros azuis...
Quem sabe foram aldeia
De tribo de homens nus
Estes verdosos bambus
Criado neste baixio,
Aquele prado sombrio,
Estas tristonhas ladeiras
Fazem lembrar as trincheiras
Do primitivo gentio
Talvez, opulenta flora
Relembres também e sintas
Gratas saudades de outrora
De mil visões quase extintas
Ah! quantas feras famintas
O teu solo atravessaram
Alguns caciques ganharam
Casos de grandes memórias
Que até mesmo as histórias
Os tempos também levaram
Se estes vegetais possantes
Não tem mais os seus verdores
Foram beijos sufocantes
De mil sóis abrasadores
Talvez a deusa das flores
Nesse cruento martírio
Pedisse a Deus, no empírio
Uma morte santa e calma
Para passar sua alma
Ao cálix branco de um lírio.
João Batista de Siqueira (Cancão)
*Poema retirado do livro: Palavras ao plenilúnio de Lindoaldo Jr.
CANTIGAS E CANTOS
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