Quem passa bem, tudo esquece"
Foi penoso o meu sofrer
Ao perder aquele anjo
Eu com tanto desarranjo,
Meu bem com tanto prazer
Viveu a me maldizer
Como achei quem me dissesse
Hoje volta e me oferece
Seu amor, muito obrigado
Quem sofre, vive lembrado
Quem passa bem, tudo esquece
Pediu-me por caridade
Para dar-lhe uma esperança
Onde não há confiança
Não pode haver amizade
Eu dando crença à metade
Do que me diz que padece
Se de novo eu lhe quisesse
Seria um desvergonhado
Quem sofre, vive lembrado
Quem passa bem, tudo esquece
Causou no meu coração
A mais profunda ferida
Vem agora arrependida
A implorar compaixão
Desejo dar-lhe perdão
Mas um sentido aparece:
Um dia ensoberbece,
Faz o que fez no passado
Quem sofre, vive lembrado
Quem passa bem, tudo esquece
Lembrou do meu padecer
Hoje a sorte lhe condena
Poderia até ter pena
Não penso e não posso ter
Isso dá a conhecer
O que na vida acontece
Saber o quanto entristece
Um coração desprezado
Quem sofre, vive lembrado
Quem passa bem, tudo esquece
Por má vontade que tinha
Fez-me essa ingratidão
Quis medir a sua ação
Pelo tamanho da minha
A alma vil e mesquinha
Deus olha e não favorece
Disse até que desconhece
As histórias do meu fado
Quem sofre, vive lembrado
Quem passa bem, tudo esquece
Logo ao quebrar sua jura
Vivia se divertindo
Cantando alegre e sorrindo
Sem olhar minha amargura
Vem agora e me procura
Sempre por mim se encarece
Deixa, que outro aparece
Pra perdurar teu pecado
Quem sofre, vive lembrado
Quem passa bem, tudo esquece
João Batista de Siqueira “Cancão”
Poema retirado do livro “Palavras ao plenilúnio” de Lindoaldo Jr.
CANTIGAS E CANTOS
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