Foto: Imagem / Internet
É mais bonito o sertão
Quando o ano é chovedor
Fontes profundas e rasas
Enche quando a chuva lança
O lodo cor de esperança
Mudando a telha das casas
A abelha faz das asas
Pequeno ventilador
Tirando o cisco que a flor
Adquiriu no verão
É mais bonito o sertão
Quando o ano é chovedor
Quando a cachoeira chora
A espuma forma bolha
Moita pelada tem folha
A flor descorada cora
O preá se acocora
Nas moitas do corredor
Quando avista o caçador
Caça um buraco no chão
É mais bonito o sertão
Quando o ano é chovedor
Quanto o sertão tá chovido
Tem cheiro de chão molhado
O trovão passa apertado
Num nevoeiro estendido
A altura do latido
Dum cachorro acuador
Faz raiva mudar a cor
De qualquer camaleão
É mais bonito o sertão
Quando o ano é chovedor
O baião da muriçoca
Caça o mosqueteiro ralo
Galinha procura o galo
No silo enquanto não choca
Onde acha uma barroca
Se acocora pra por
É preta e eu vendo a cor
Dum capucho de algodão
É mais bonito o sertão
Quando o ano é chovedor
A sabiá nordestina
Que bebe nas fontes rasas
Voa balançando as asas
Pra enxugar a neblina
Veio um melão na faxina
Bica sentindo o sabor
Come o fruto e deixa a flor
Serve de ornamentação
É mais bonito o sertão
Quando o ano é chovedor
João Paraibano
Mote e glosa retirada de uma cantoria realizada na cidade de Itapetim com o poeta Raimundo Nonato.
CANTIGAS E CANTOS
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