sábado, 30 de abril de 2016

Poesia: Pinto do Monteiro, um cantador sem parelha


Foto: Paulo F. F. Carvalho

 Eu comparo esta vida
À curva da letra S:
Tem uma ponta que sobe
Tem outra ponta que desce
E a volta que dá no meio

Nem todo mundo conhece

Esta palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade (é lembrança)
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança

Aonde eu chego, não vi
Mal que não desapareça
Raposa que não se esconda
Bravo que não me obedeça
Letrado que não me escute

Cantor que não endoideça

Cantar com quem canta pouco
É viajar numa pista
Com um carro faltando freios
O chofer faltando a vista
E um doido gritando dentro
Atola o pé motorista

Minha corda não se estica
Não se tora nem se enverga
Da terra pro firmamento
Meu pensamento se alberga
Em um lugar tão distante
Que lente nenhuma enxerga

Eu vou fazer uma casa
Na Serra da Carnaíba
À frente pra Pernambuco
Às costas pra Paraíba
Só pra não ver duas coisas:
Nem Sumé, nem João Furiba.

Pinto do Monteiro

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