Três estrofes de INVERNADA
Dá gemidos no céu, cheia de pompas
O relâmpago corta suas trompas
Para o parto se dar, entre os trovões.
Das entranhas do céu, desce em porções
Numa chuva que nasce fecundada,
E no ovário da terra preparada
Tantas vidas germinam sobre a serra!
Rasga o ventre da nuvem sobre a terra
Quando a terra quer ser fertilizada!
Feito o teto do céu se espedaçando,
Uma nuvem se rasga derramando,
Pra encher a barriga da lagoa.
Vejo o sapo igualmente uma pessoa,
Dando pulos, fazendo uma festança.
Sem dever, Deus liquida uma “cobrança”
Da serpente da água a fome corre.
Quando o pranto do céu, do olho escorre
Veste o chão de fartura e de esperança.
Tal qual um coração, trovão dispara.
O sorriso da nuvem se escancara,
Derramando um riacho sem largura.
A canção que começa na altura,
Quando a chuva começa derramar,
É do vento açoitando sem parar,
A cortina do palco do infinito.
Tudo o quanto Deus faz fica bonito,
Não precisa ninguém remodelar.

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