PAPAI NOEL
Por que, Papai Noel, no seu gesto sensato,
Você sempre esqueceu o meu pobre sapato,
Meu sapato marrom que o tempo desmanchou?
Foi você quem me fez triste e desiludido,
Porque, nos meus natais de menino esquecido,
Esperei tanto tempo e você não chegou!…
Você sempre esqueceu o meu pobre sapato,
Meu sapato marrom que o tempo desmanchou?
Foi você quem me fez triste e desiludido,
Porque, nos meus natais de menino esquecido,
Esperei tanto tempo e você não chegou!…
Você foi muito bom para as trêfegas crianças,
Só não foi para mim que vivi de esperanças,
Desejando abraçá-lo e você não chegava.
Só não foi para mim que vivi de esperanças,
Desejando abraçá-lo e você não chegava.
Neste último Natal, preso à bondade sua,
Você com seu fardel andou de rua em rua…
Porém não quis passar no bairro onde eu morava
Recordo-me de tudo: o meu bairro tristonho
Cobria-se de paz, vestia-se de sonho,
Para a celebração da missa universal!
E esperei por você desesperadamente!
E você não me quis trazer um só presente,
Fazendo cada vez mais triste o meu Natal!
Você com seu fardel andou de rua em rua…
Porém não quis passar no bairro onde eu morava
Recordo-me de tudo: o meu bairro tristonho
Cobria-se de paz, vestia-se de sonho,
Para a celebração da missa universal!
E esperei por você desesperadamente!
E você não me quis trazer um só presente,
Fazendo cada vez mais triste o meu Natal!
Os meninos na rua, exibindo presentes,
Cada qual mais feliz, aguardavam contentes,
A festa matinal, quando o galo cantasse!…
Assistindo ao ferver de tantas ironias,
Cruzava as minhas mãos geladas e vazias
E pedia a JESUS que o Natal não chegasse!
Cada qual mais feliz, aguardavam contentes,
A festa matinal, quando o galo cantasse!…
Assistindo ao ferver de tantas ironias,
Cruzava as minhas mãos geladas e vazias
E pedia a JESUS que o Natal não chegasse!
Depois ia dormir magoado e insatisfeito,
Acordava, pensando encontrar no meu leito,
Um soldado de chumbo, um revólver de pau…
Mas era tudo em vão…A mágoa continuava!
Despertava a chorar e a chorar esperava,
Sem jamais perceber que você fosse mau!
Acordava, pensando encontrar no meu leito,
Um soldado de chumbo, um revólver de pau…
Mas era tudo em vão…A mágoa continuava!
Despertava a chorar e a chorar esperava,
Sem jamais perceber que você fosse mau!
Como é triste esperar e viver na incerteza!
Nunca tive um Natal de esplendor e beleza,
Porque, sobre o colchão do meu berço de cobre,
Sonhava com você e você não trazia
Um retalho de luz à minha choça fria!
Um pouco de prazer ao meu Natal de pobre!
Nunca tive um Natal de esplendor e beleza,
Porque, sobre o colchão do meu berço de cobre,
Sonhava com você e você não trazia
Um retalho de luz à minha choça fria!
Um pouco de prazer ao meu Natal de pobre!
Esperei-o demais e perdi-me na espera!…
E quando o desengano encheu minha tapera,
Eu chorei de desgosto e revolta também…
Lembrando a malvadez dos seus ínfimos atos,
No fundo de um caixão joguei os meus sapatos
E resolvi de vez não mais lhe querer bem!…
E quando o desengano encheu minha tapera,
Eu chorei de desgosto e revolta também…
Lembrando a malvadez dos seus ínfimos atos,
No fundo de um caixão joguei os meus sapatos
E resolvi de vez não mais lhe querer bem!…
Fui crescendo e sentindo as mutações da vida!
Hoje, vendo passar a quadra colorida,
Salpicada de azul e plangências de sinos,
É que vejo que estou distante do passado
E já certo de que, no meu bairro encantado,
Você só existiu para os outros meninos…
Hoje, vendo passar a quadra colorida,
Salpicada de azul e plangências de sinos,
É que vejo que estou distante do passado
E já certo de que, no meu bairro encantado,
Você só existiu para os outros meninos…
Dissipou-se, de todo, a bruma dos segredos…
Hoje, sei que você nunca trouxe brinquedos,
Nem jamais possuiu cabelos de algodão,
Nem sandálias de lã e nem barbas de prata…
Mas quisera voltar àquela infância ingrata,
Porque nada é melhor que viver na ilusão!
Hoje, sei que você nunca trouxe brinquedos,
Nem jamais possuiu cabelos de algodão,
Nem sandálias de lã e nem barbas de prata…
Mas quisera voltar àquela infância ingrata,
Porque nada é melhor que viver na ilusão!
Foi você quem me trouxe a primeira esperança,
No florido jardim dos meus dias de criança,
Quando a vida sorria, à flor do meu destino!
Mas, depois de esperar por você tantos anos,
Cobriu-se o meu viver de tédio e desenganos
E passei a sofrer meu drama de menino!
No florido jardim dos meus dias de criança,
Quando a vida sorria, à flor do meu destino!
Mas, depois de esperar por você tantos anos,
Cobriu-se o meu viver de tédio e desenganos
E passei a sofrer meu drama de menino!
Mesmo assim ao saber que você não existe,
Eu não posso ficar sorumbático e triste,
Nem devo blasfemar! Você sabe por quê?
Porque sonho volver àquela doce idade,
Viver no mesmo bairro, à luz da soledade.
Esperando o NATAL, e pensando em você!…
Eu não posso ficar sorumbático e triste,
Nem devo blasfemar! Você sabe por quê?
Porque sonho volver àquela doce idade,
Viver no mesmo bairro, à luz da soledade.
Esperando o NATAL, e pensando em você!…
Jansen Filho
Jornal Besta Fubana
Muito linda mais tbm.muito triste. Essa é a realidade até hoje de muitos.nordestinos que vive na linha da pobreza.
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