terça-feira, 17 de novembro de 2015

A poesia de Sebastião Dias

Fotografia: Blog Tabira em Debate
Cemitério é a casa
Dos nossos restos mortais;
Ambição, ódio e vingança
Ficam do portão pra trás,
Porque, do portão pra frente,
Todos nós somos iguais.
Na madrugada altaneira,
Geme o vento atrás do monte;
Um cururu toma banho
Na água fresca da fonte
E a lua dorme emborcada
No colchão do horizonte.
Depois que a chuva caiu,
Ficou verde o arrebol,
A babugem cobre o chão;
Parece um verde lençol,
Cicatrizando as feridas
Das queimaduras do sol.
Deixei uma seca grande
No Nordeste brasileiro:
De verde, só aveloz,
Papagaio e juazeiro,
Que o Nordeste, pra sorrir,
Tem que Deus chorar primeiro!
É um dia de tristeza
quando a mãe para o céu vai.
Os filhos se cobrem em prantos;
O caçula diz: ô pai,
Não vê, mamãe ta dormindo!
Abra o caixão que ela sai!
Vou me tornar vagabundo,
cantar pra o meu público fã,
que Deus, em forma de nuvem,
está por detrás da chã
pra ver o rosto do dia
nos espelhos da manhã.
Das quatro e meia em diante,
Sinto de Deus o poder,
Um sopro espatifa as nuvens
Para o dia amanhecer,
Deus enfeita o firmamento
E a vassoura do vento
Varre o céu pra o sol nascer.
Vamos parar a cantiga
Que a garganta está cansada!
Já vejo nos horizontes
Os reflexos da alvorada
E a noite sentindo dores
Pra ser mãe da madrugada!
Sebastião Dias

Repentes, motes e glosas
Jornal Besta Fubana

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