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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Literatura de Cordel: "A queda da torre da igreja matriz e sua reconstrução", um folheto de Lourival Batista



















Pecador, réu das fraquezas
Porém me julgo feliz
Deus é bom, me fez poeta
Peço a Jesus, meu juiz
Ânimo e amor nesta vida
Pra se ver reconstruída
A nossa Igreja Matriz.

Na segunda, a 2 de maio
Foi grande a nossa surpresa
Pela queda inesperada
Porém usemos franqueza
Deus é bom, perfeito e forte
Evitou ferido e morte
Não há razão pra tristeza.

Nosso Monsenhor Rabelo
Bela torre construiu
Vinte e oito e vinte e nove
Começou e concluiu
De anos gastando dois
Quase cincoenta depois
Rachou, tombou e caiu.

A alma de quem a fez
Subiu para santa Altura
Sobe a alma, desce a torre
Prá nossa tristeza, há cura
No trabalho, dando exemplo
Vamos dar beleza ao templo
Que lhe deu a sepultura.

O Bispo no dia três
Fez grande reunião
Falou, facultou palavra
A todos sem distinção
Quem é de Deus não se cansa
Homem, mulher e criança
Lutam na reconstrução.

Se tudo fica no mundo
Levemos as boas obras
Tendo o pão de cada dia
São inúteis muitas obras
Quem é Cristão se prepara
O trem da morte não para
Nas suas cruéis manobras.

Os padres da freguesia
Antes em reunião
Combinaram para em junho
Entrarem em reconstrução
Mas surgiu o imprevisto
Se é vontade de Cristo
Vamos entrar em ação.

O tempo não poupa o templo
Pois viu-se o tempo rachá-lo
Relógio parou ponteiros
Sino emudeceu badalo
Sem badalo e sem ponteiro
Com papel, pena e tinteiro
Prá meu povo escrevo e falo.

O cristão jamais esquece
O filho do carpinteiro
Consentiu cair a torre
Sem dar trabalho ao coveiro
Quem tem fé, justiça faça
Tomei por milagre ou graça
Do nosso bom padroeiro.

O católico tendo amor
Vai trabalhar sem preguiça
A casa de Deus é nossa
Nos dá paz, honra e justiça
Padre, Filho, Espírito Santo
Se acham no mesmo canto
Nos dando a benção da missa.

Nosso Monsenhor Rabelo
Inesquecível pastor
Manda o seu irmão Elias
Honrado e trabalhador
Por sítio, vila e fazendas
Arrumar óbulos e prendas
Pra torre com todo amor.

Ficou pronta em vinte e nove
Muitos anos já se vão
Pra nós era uma relíquia
Do Padre Sebastião
Vamos dar perfeita prova
Em lugar da velha, a nova
Honrando-lhe a tradição.

O poeta aqui convoca
Aos dignos paroquianos
Meu apelo é extensivo
A todos diocesanos
Feliz quem por Deus espera
Vamos deixar como era
O templo de tantos anos.

Falo nos padres bondosos
Do torrão italiano
Primeiro vem Padre Mário
Domenico, simples e humano
Trabalho, fé, sensatez
Partem dois deixando três
José, Egídio e Caetano.



No trabalho dão exemplo
São retos como obelisco
Amor, pureza, altivez
Não temem a perigo e risco
Com perfeita inteligência
Rendem clara obediência
Ao insigne Dom Francisco.

Falo nos padres porque
Trabalham com altivez
No pesado qualquer um
Luta como camponês
No lar, nos campos, templos
Seguem os perfeitos exemplos
Do grande João XXIII.

Pra todos são incentivos
Nesta tão dura peleja
Não desmintamos Euclides
Forte gente sertaneja
Disse o bispo e eu de novo
Se a igreja é do povo
Renovemos nossa igreja.

Dr. Josa é um exemplo
De amor e dinamismo
Por um triz, olhando a torre
Escapou do grande abismo
Disse Dom Francisco ao povo
O Josa nasceu de novo
Igual criança em batismo.

Como os apóstolos unidos
Provando amor e bondade
Fazendo mil sacrifícios
Com Deus, justiça e verdade
No trabalho dando a prova
Sino velho e torre nova
Alegram nossa cidade.

Confesso, quase chorei
Não escondo de ninguém
Fiquei como Jeremias
Olhando Jerusalém
Vendo o templo destruído
Se lá foi reconstruído
O nosso será também.

Nas ruínas da cidade
Lamentava Jeremias
Mas tudo estava previsto
Nas antigas profecias
Seu povo no cativeiro
Mas Jesus, santo cordeiro
Devolveu-lhe belos dias.

Cada católico, um soldado
Faça parte da campanha
Jesus disse: QUEM TEM FÉ
PODE REMOVER MONTANHA
Cabeças, braços e ombros
Já removeram os escombros
A batalha será ganha.

Nosso poeta João Campos
Bom cristão que ama a arte
Nos movimentos da igreja
Ele sempre toma parte
Fica o nome na história
Jesus fará da vitória
Tremular seu estandarte.

Fez 10 décimas sobre a torre
No folheto as apresento
De relógio, sino e cruz
Mostrando deslumbramento
Não surgem frases mesquinhas
Dez estrofes em dez linhas
São cem versos cem por cento.

Seu poema fará parte
Do folheto de cordel
Uma mensagem aos distantes
Nesta cruzada fiel
Quem ajuda nunca erra
Qualquer filho desta terra
Não vai tornar-se cruel.

Mira de Caboclo achou
Na sua observação
A torre quase ajoelhou-se
Numa genuflexão
Como que dando um exemplo
Da última oração no templo
Onde ouviu tanta oração.

Nosso Dr. José Ramos
Grande médico e fazendeiro
Veio da Prata e deu prata
Garrote além de dinheiro
Tem fracos ramos na raça
Mas este é madeira grossa
Pra casa de carpinteiro.

Outro médico e fazendeiro
O nosso Dr. Bitú
Um P em lugar do B
Talvez passasse um pitú
Se o bem à terra deseja
Não nega um boi à igreja
Quem tem turina e zebu.

Não falar dos outros médicos
Seria o poeta injusto
Peçam garrote a Soares
Bezerro a José Augusto
Se não criam, tem quem venda
Se ambos não têm fazenda
Vão passar um grande susto.


Muitos daqui em São Paulo
E no Rio de Janeiro
Em Brasília e Sobradinho
No nosso país inteiro
Filho de Deus, nosso irmão
Dá tua contribuição
Pra torre do Padroeiro.

Pelas culpas de Adão
Pelas fraquezas de Eva
Quem vem ao mundo não traz
Quem sai do mundo não leva
Quem tem e dá é feliz
Negando à Santa Matriz
Falta-lhe luz, sobra treva.

Combatida e não vencida,
A Igreja é infinita
O que nega ao Salvador
Vem o remorso e lhe agita
Como Judas se agitou
Mas, Cristo ressuscitou
Nossa igreja ressuscita.

Nossa comissão possui
Homens de boa vontade,
Mães de famílias honradas
Damas da sociedade
Em busca da melhor meta
A matriz pronta completa
Alegria da cidade.

Já perto da conclusão
Deste necessário apelo
Confio no Pajeú
Fraternal de amor e zelo
Pobreza ninguém alegue
Se tiver algum que negue
Eu jamais pretendei vê-lo.

Quem não pode dar dinheiro
Dá duas horas no dia
Com o seu trabalho honrado
Conservando a moradia
De seis que enxugam pranto
Pai, e Filho e Espírito Santo
Jesus, José e Maria.

Quem faz negócio com Deus
Precisa ter consciência
Porque não pagando certo
Para o fim da existência
Fica difícil a vitória
Quem não pedir moratória
Termina abrindo falência.

Quem não fez cuide em fazer
Quem já chorou vai sorrir
Trabalhando para Cristo
A recompensa há de vir
O Sino vai badalar
O relógio trabalhar
A cruz nos abençoar
Mas quando a torre subir.

 Lourival Batista

Fonte: Blog: SerTão Egipciense

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