Sobre o Passado de Mamãe
Vi mamãe maquiando o próprio rosto,
E trinta anos após com o mesmo gosto
Vi mamãe maquiando a mesma face.
Vi o tempo esconder-se como um passe
De magia, rendido a sutileza,
Em que a arte do ser mostra a nobreza
Sem perder a feição com tal reforma.
O que é belo não morre, se transforma
Muda a face mais mostra outra beleza.
E com a foto de Mãe entre os meus dedos,
Eu converso, contando meus segredos
Escorado na porta da cozinha.
Lembro as marcas do rosto de Mainha,
Que apesar do sofrer e da tristeza,
Ensaiava um sorriso de pureza
Sem do tempo, infringir rigor e norma.
O que é belo não morre, se transforma
Muda a face mais mostra outra beleza.
E o corpo mantém a mesma essência,
Nosso jeito de ser, nem a ciência
É capaz de mudá-lo a contragosto.
Se o sol nasce belo e é belo posto
Maquiando a feição da natureza,
A beleza resiste com firmeza
Muito embora a firmeza mude a forma.
O que é belo não morre, se transforma
Muda a face mais mostra outra beleza.
Sorridente ela surge, bela e plena
E eu me vejo a rever a mesma cena
De um sorriso guardado em minha mente.
De quando ela, criança e inocente
Cativou-me com charme e singeleza,
Sem se ater que o tempo nos faz preza
E do que deixa de saldo, não informa.
O que é belo não morre, se transforma
Muda a face mais mostra outra beleza.
Quando as rugas do rosto, o tempo traça
Nem a graça do riso cede à graça
Quando os anos se impõem sem talvez.
O seu rosto, perdeu da maciez
Mas a pele ganhou, brilho e rijeza,
E o que tens por genética em boniteza
A navalha do tempo não deforma.
O que é belo não morre, se transforma
Muda a face mais mostra outra beleza.

Mote de Leta Moto-Táxi
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