A DERROTA HISTÓRICA DE LAMPIÃO EM PERNAMBUCO
Após a batalha da Serra Grande, ocorrida em novembro
de 1926, Lampião enviou uma carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo,
sugerindo a divisão do estado em duas partes: uma ficaria com ele e a outra com
o governo. Na época, o chefe de polícia Antônio Guimarães foi o responsável por
levar a notícia ao conhecimento do governador, mas, em 12 de dezembro de 1926,
Júlio de Melo foi substituído no governo por Estácio Coimbra, a quem caberia tomar atitude com relação à carta de Lampião.
Segundo o historiador Frederico Bezerra Maciel,
Estácio Coimbra, ao assumir o governo de Pernambuco, tinha, por compromisso de
plataforma eleitoral, extinguir Lampião. Do que resultaria o enfraquecimento
dos chefes políticos sertanejos, ligados, ostensivamente ou ocultamente, a
Lampião, e consequentemente a consolidação de sua política governamental no
sertão. Para isso, colocou à frente da Secretaria de Segurança Pública o
bacharel Eurico de Souza Leão.
Continua Frederico Maciel, quem era Eurico de Souza Leal:
Major Cândido de Brito, da Fábrica Peixe de Pesqueira:
- Sou grande amigo de Eurico, mas ele tem instintos maus.
Coronel João Nunes, ex-comandante da Força Pública de Pernambuco:
- Dr. Eurico era de natureza sanguinária!
Coronel Altino Gomes de Sá da polícia pernambucana:
- A ordem de Eurico era matar e tocar fogo!
Coronel Alípio Pereira, também da polícia Pernambucana:
- A primeira coisa que Eurico perguntava quando a gente ia falar com ele era:
“quantos matou”, isto é, quantos cangaceiros matou?
Eurico teve como um dos principais agentes ao seu
lado, o Major Teófanes Ferraz Torres, o qual apresentou a imprensa, no mês de
junho, uma lista com nomes de 100 cangaceiros, os quais foram mortos ou
capturados desde dezembro, jamais se saberá exatamente o numero e de
cangaceiros mortos, essa informação não consta nos dados oficiais.
Na verdade, as medidas aplicadas provocaram a derrota
de Lampião em menos de um ano e meio, em solo pernambucano e, para escapar da
perseguição policial, atravessou o rio São Francisco no final de agosto de
1928, declarando que estava cansado de matar e queria paz.
Eurico de Sousa Leão elegeu-se deputado federal por
Pernambuco em 1927, 1930 e 1946. Foi preso durante a Revolução de 1930, por ter
ligações com o governador deposto Estácio Coimbra. Respondeu ao processo e foi
absolvido.
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