
Esse filme no sertão”
Um chocalho badalando
A bezerrama berrando
Engenho de pau moendo
Um boi velho remoendo
Numa sombra do oitão
Um galo ciscando o chão
E um vira-lata latindo
Só parece eu assistindo
Esse filme no sertão
Chicote, espora e perneira
Selote, luva e peixeira
Careta pro barbatão
Peia, serrote e facão
Desse da marca Colino
Do gume amolado e fino
Tudo isso é necessário
Para o trabalho diário
Do vaqueiro nordestino
Na labuta do roçado
Rasgando a terra de arado
Desde muito pequenino
Tange a junta de turino
Num velho carro de bois
Chama pelo nome os dois
Nevoeiro e Trovoada
E o trio encerra a jornada
Às seis da noite ou depois.
Casa de taipa ou tijolo
Tem café, beiju e bolo
Que a sertaneja tempera
Pro marido que espera
No batente da morada
Também coalhada adoçada
Num prato com rapadura
Culinária com fartura
Quando é tempo de invernada.
O sertão muda a roupagem
A babugem e a ramagem
Se espalham pela chapada
Bradando o "pai da coalhada"
Bode bodeja esquisito
Dana-se a fazer cabrito
Nas cabritas do chiqueiro
Inebriando o seu cheiro
Esse cenário bonito.

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