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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Poesia: "Eu quero vortá pra casa", um poema de Giuseppe Ghiaroni


O autor deste belíssimo poema é o poeta Giuseppe Ghiaroni, poeta nascido em Paraíba do Sul - RJ, em 1919, e falecido em 2008.

Eu quero vortá pra casa, meu pai,
Eu quero vortá,
Num sei que rumo tomá.
Dispois de tanto girá...
Isqueci ou discunheço,
O meu primêro inderêço,
A luz de onde eu fui brotá.
Hoje que tudo me arrasa
Eu quero vortá pra casa,
Mas num sei... como vortá.

Toda criança deve de trazê
Um cartão dipindurado
A mode informá um sordado
No caso de se perdê.
Eu saí lá do sertão
Entrei nessa murtidão
Que atravanca esse planeta,
Sem um cartão,
Sem uma plaqueta,
Sem quarqué indicação.

Tonto fiquei... num sei vortá
Os caminhos são escuro,
Cheio de ingano,
Tenho só 80 ano
E ainda num sei falá!
Os meus semelhante,
Se assim eu posso chamá,
Os caminhante, os circunstante,
Já quisero me ajudá.

Na nossa forma de vida
É costume ter piedade
Duma criança perdida,
Tonta e estranha na cidade.
Todo mundo tem dó de mim
Pruque ter dó é humano.
Todo mundo é humano,
Marcado pro mermo fim.
Já quisero me levá pra casa,
Quisero sim!
Pro meus pais, pro meus mano,
Mas eu com 80 ano,
Num sei dizê de onde vim.

Papai me manda um recado!
Mamãe manda um empregado
Que sabe bem o caminho.
Eu só sei que tô sozinho
Como quando aqui cheguei.
Diz que se nasce... é chorando,
Pruquê assim é que se nasce,
Eu acho inté que nem mudei,
Pois num é qu’eu discunheça
Que cheguei feio e enrugado
Sem cabelo na cabeça,
Piquinininho, desdentado.

Ah pois bem! Esses mermo dado
Me serve agora, como já serviro.
Os meus cabelo caíro,
Os meus dente se acabaro,
E as rugas... se elas sumiro um dia,
O certo é que elas vortaro.
E quanto a eu vivê chorando
Eu posso dizê também
Que choro de quando em quando,
E choro como ninguém.

Ah! Mamãe grita: Zezinho!
Grita: Ô menino! Meu pai.
A mãe chama, o filho vai,
O pai chama, esse é o caminho.
Mas eu... eu apuro os ouvido
E um triste silêncio cai!
Tô perdido, perdido,
Não tenho nem mãe nem pai.

Vivo ? é... acho que tô vivo,
Mas tão sem objetivo,
Entre quem vem ou quem vai.
Nada me dá um motivo,
Nada me prende ou me atrai,
Nada me empurra ou me abrasa
Pra mode eu continuá.
Eu quero vortá pra casa,
Pouco amor, fé muito rasa.
Papai, mamãe sem me chamá,
Eu quero vortá pra casa,
Mas esqueci o lugá!

Giuseppe Ghiaroni


Fonte: Cordel Poesia e Repente

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