Hoje mesmo lembrei da doce infância
Minha casa com cores natalinas
As bonecas com nomes de meninas
E a certeza do tempo com mais ânsia
Vi na data remota da distancia,
O chinelo de pai preso ao batente
O café meio amargo e meio quente,
Que eu deixava esfriar, depois bebia
Deus devia deixar só por um dia
Eu voltar ser criança novamente
Eu recordo das voltas do meu pai
Minha casa com cheiro de saudade
E o percurso do sítio pra cidade
Nem querendo da minha mente sai,
O meu filho eu não sei se ainda vai
Conhecer o torrão que me fez gente
Tomar bênção a mais velho e a parente
Que eu tomava depois que mãe pedia
Deus devia deixar só por um dia
Eu voltar ser criança novamente
Dos acordes de pai ao som do pinho,
Do barulho no quarto dos irmãos
A poesia ao gritar correndo os vãos
De um lar que inda é regresso e ninho,
De mamãe - o mais doce do carinho.
Do meu pai - o amor de alma e mente,
Dos irmãos - a saudade inda presente
De mim mesmo - o passado e a nostalgia
Deus devia deixar só por um dia
Eu voltar ser criança novamente
Se eu pudesse transpor o imaginário
Viajar pelos dias da infância
Eu iria romper toda distância
Que atormenta o pesar do meu calvário,
Meu pedido de cada aniversário
Toda vez era um gosto diferente;
E a idade ao passar leva da gente
O desejo e sepulta na utopia
Deus devia deixar só por uma dia
Eu voltar ser criança novamente.
Mariana Teles
Mote de Elânia Lima, com a devida licença da poetisa.
BLOG PAJEÚ DA GENTE
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