Demissão » Produtores do estado falam da gestão de Marta Suplicy no Ministério da Cultura

Paulo de Castro, Ana Garcia e Melina Hickson dizem que falta investimento em Pernambuco

Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, pediu demissão à presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira (10). A senadora assumiu a pasta em setembro de 2012, no lugar de Ana de Hollanda. Em mais de dois anos, qual foi o reflexo da ex-prefeita de São Paulo para o Nordeste e Pernambuco? O Viver falou com três produtores culturais do estado.

Paulo de Castro, à frente do Janeiro de Grandes Espetáculos, diz que a saída de Marta Suplicy do MinC já era esperada. "Se ela fez alguma coisa, fez por São Paulo. Ela foi tarde." De acordo com ele, o investimento cultural do Governo Federal em Pernambuco é ínfimo. "A gente só conseguiu alguns editais e a participação foi quase zero", diz.

E continua: "Algumas ações foram feitas aqui no estado por Gilberto Gil (2003-2008), mas a passagem dela pelo ministério foi para tapar um buraco político", sugerindo ainda que o próximo ministro seria Juca Ferreira, que ocupou o cargo de 2008 a 2010.

Produtora do No Ar Coquetel Molotov, Ana Garcia não enxerga nenhum ganho para Pernambuco na gestão de Marta: "A gestão de Marta? A falta de gestão! Tecnicamente, o Ministério ficou desfocado, não teve ação significante. A Funart (Fundação Nacional de Artes) perdeu a função que tinha e ficou abandonada", fala.

"O próximo ministro tem que ter diálogo com os setores da produção, desde as artes visuais, moda, música... tudo! Ter discussões constantes para ver os pontos fracos." A produtora ainda destacou a participação regional na verba destinada a projetos culturais pela Lei Rouanet. "As empresas são concentradas no sul-sudete, então, quem decide são eles. É muito pequeno o que entra em Pernambuco. É um absurdo."

Responsável por grandes eventos musicais, Melina Hickson tampouco avalia bem a passagem da paulista pelo MinC. "Marta Suplicy entrou e saiu e a gente não viu nada de concreto." Mas elege uma ação como a mais importante. "Agora, o pessoal da Secretaria de Indústria Criativa conseguiu fazer alguma coisa, com o edital de intercâmbio, incentivo na participação de feiras internacionais, mas só de um mês para cá e isso não saiu diretamente dela".

"A gente espera que o próximo ministro venha para mudar radicalmente e tentar reverter o tempo perdido que foi essas duas últimas ministras da Cultura. Existe um hiato entre Juca Ferreira e essas duas (Marta Suplicy e Ana de Hollanda)", classifica.

O Ministério ainda não divulgou o nome do próximo ministro da Cultura.

Diário de Pernambuco