Matheus Nachtergaele em cena de Joãosinho Trinta
Fox Filmes/Divulgação
Este ano, vários filmes retrataram a vida de brasileiros ilustres, entre eles Tim Maia, Paulo Coelho e Irmã Dulce. O mais recente estreia nesta terça-feira (27/11), no Recife: Trinta, que conta um capítulo da vida do carnavalesco Joãosinho Trinta.
Diferente de outras cinebiografias totalizadoras, esta segue os anos de formação do futuro carnavalesco. O diretor paulista Paulo Machline – em seu segundo longa-metragem, depois do pouco visto Natimorto –, estudou a fundo a história de Joãosinho. Antes, fez o dever de casa no documentário A raça síntese de Joãosinho Trinta, em parceria com Giuliano Cedroni, que traz extenso material da carreira do carnavalesco, vencedor por oito vezes do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Apesar do farto material, Machline preferiu buscar a gênese da criatividade e da genialidade de Joãozinho quando ele ainda dava seus primeiros passos e se adequava ao seu jeito tímido e reservado. Para dar corpo e voz a um personagem real tão complexo, o diretor teve a sorte de encontrar o ator perfeito: o paulista Matheus Nachtergaele, que não só incorpora a sensibilidade do biografado como também suas medidas físicas.
Um dos primeiros detalhes da força e tenacidade de Joãosinho, que ele sabia esconder por trás de sua figura pequena, é exemplificado na dedicação à dança como bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mas, logo, ele percebe uma incongruência entre sua ambição e a realidade que impede seu sucesso como estrela da dança. Baixinho, ficava no fundo do palco, longe dos aplausos da plateia.
O que fazer, então, para que os aplausos, negados enquanto bailarino, pudessem fazer parte da sua vida? Machline não inventa muito, mas mostra com habilidade e riqueza visual e sonora o caminho trilhado por Joãozinho Trinta. A partir de uma narrativa clássica, em que seu biografado enfrenta antagonistas, conquista aliados e supera dificuldades, Trinta se concentra nos seis meses que antecedem o desfile da escola de samba Acadêmicos de Salgueiro, o primeiro vencido por ele, em 1974.
Responsável pelas alegorias da escola e com vasta experiência em montagens de óperas, Joãozinho é escolhido por Germano (Ernâni Moraes), o presidente da escola de samba, para assumir o lugar deixado pelo célebre Fernando Pamplona (Paulo Tiefenthaler). Mesmo com a amizade que existia entre o mestre e seu mentor, que contava ainda com a cumplicidade da bailarina Zeni (Paolla Oliveira), mulher de Pamplona e amiga de Joãozinho desde os tempos do Theatro Municipal, a situação fica complicada.
Junta-se a isso o preconceituoso chefe de barracão (Milhem Cortaz), a fidelidade da rainha da escola (Mariana Nunes) ao antigo carnavalesco e até um incêndio poucas horas antes do desfile. Mas, como o espetáculo não podia parar, a carreira de Joãosinho seguiu em frente para alegria do povo brasileiro. Afinal, como ele vaticinou: “o povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual”.
JCnline
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