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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sábado, 25 de outubro de 2014

Memórias do cangaço: A "Lei" do fora-da-lei

O CANGAÇO

‘A “LEI” DO FORA- DA- LEI’

“(...)Além de muito religioso, Lampião dizia-se um grande justiceiro...Vejamos como aplicava sua justiça, segundo a narrativa de um participante da tragédia. Estávamos acampados em Lagoa do Rancho, no interior da Bahia. Depois de alguns dias, estourou um escândalo: O dono da fazenda onde estávamos queixou-se a Lampião de que um dos seus “cabras” havia estuprado sua filha. Lampião seguido pelo bando, foi ver a filha do fazendeiro, e o quadro a que assistimos era triste:
a mocinha estava num estado lastimável. O autor do ato bárbaro fora Sabiá, um rapaz com 18 anos mais ou menos, e novo no Bando. Praticado o atentado, Sabiá fugiu para o mato. Lampião, depois de ver o estado em que ficou a filha do fazendeiro, falou secamente: “Volta Seca e Gavião, vão buscar o Sabiá”. Eu e Gavião saímos a procura de Sabiá, quando nos aproximamos do local ele estava entrincheirado, e gritou: Não avancem, eu abro a cabeça dos dois com uma bala: - Sabiá, o capitão quer falar com você! – Se ele quer falar comigo, venha ele mesmo me buscar! 
Achei muita ousadia, mas não tentei capturá-lo...Olhei para o meu camarada e retornamos á fazenda. Lampião quando nos viu sozinhos, perguntou indignado: “Cadê ele?” – Sabiá está entrincheirado, ali, embaixo atrás de uma pedra; - “Porque não trouxeram ele?” – Porque ele nos matará; nós dissemos que o Capitão queria falar com ele. Mas ele respondeu: Pois venha ele mesmo se quiser. Foi a conta! A testa de Lampião franziu-se, os lábios se comprimiram e, serrilhando os dentes disse. Eu vou buscar esse cão. 
- Não avance nem mais um passo, capitão, que eu atiro! Ninguém vai me pegar, dizia Sabiá. 
Lampião olhou-o por um momento e, de repente, falou: 
- Você não atira em ninguém, menino. E avançou. Avançou resoluto, com Sabiá fazendo pontaria para ele. A todo instante eu esperava o estampido assassino do fuzil de Sabiá. Mas o tiro não saiu. Frente a frente com Sabiá, Lampião gritou: “Atira cachorro! Atira” E Sabiá não atirou...Pelo contrário, arriou o fuzil. Foi seu fim pois Lampião, rápido, deu com a coronha de seu fuzil na cara do rapaz, que rolou pelo chão, ensangüentado. Eu e Gavião aproximamo-nos depressa do local e Lampião mandou que o levássemos á 
fazenda. Desarmei Sabiá, eu de um lado e, Gavião do outro. Levamo-lo de volta, enquanto Lampião ia á frente, a passos rápidos. Sabiá estava tonto, com a boca arrebentada e todos os dentes da frente quebrados. Sangrava muito e vinha amparado por mim e Gavião. Na fazenda, todos se acercaram de nós. Eu sabia que a coisa ia ter um fim trágico, pois Lampião estava furioso. Foi feito um círculo de gente e, no meio dele, Sabiá, ladeado por mim e Gavião com Lampião na frente, que olhava sem afastar por um segundo sequer os olhos de Sabiá. Olhava-o com ódio, sem dizer nada, e o silêncio era completo, pois ninguém ousava falar Sabiá mal se agüentava em pé. Estava vencido. Vencido e convencido. Lampião, então, pôs-se a falar: - Vais morrer porque não presta, cão. É por causa dessas coisas que falam mal da gente, por ali. Mas eu te dou um exemplo, pra 
todos saberem que o bando de Lampião tem vergonha. E apontando para dois empregados da fazenda, ordenou: “Vocês dois ali, cavem um 
buraco pra enterrar esse cabra! ” Os homens obedeceram e, de enxada em punho, puseram se a abrir a cova. Sabiá não falava e tenho até impressão de que não compreendia o que se passava. Depois de alguns minutos, a cova pronta, isto é dada como pronta por Lampião, apesar de não ter mais de dois palmos de profundidade, mandou ele que os dois homens parassem e, apanhando uma “Berbere”, apontou para a cara de Sabiá, que nem moveu a cabeça. Quem estava atrás de Sabiá correu pra se 
abrigar. Lampião fez a pontaria e gritou: “Vai-te pros infernos, cão”. E deu no gatilho! Sabiá caiu morto, mas Lampião continuou a atirar. Houve quem contasse quinze tiros...Aquela expressão: “Vai-te pros infernos, cão” era muito comum a Lampião, quando matava alguém naquelas condições. Saciada sua fúria assassina, Lampião ordenou aos dois empregados que abriram a cova: “Joga este peste aí! Cachorro se enterra de qualquer jeito(...)”.
Fonte : PORTO, Onélio José. Pingos e respingos. Gráfica M
auro Morais Ltda, 1976. 
Pag. 44, 45, 46 e 47 .

Fonte: O Cangaço > Sálvio Siqueira

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