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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 12 de outubro de 2014

LIVRO: Entrevistas com Graciliano Ramos revelam as palavras e o silêncio do escritor

Livro permite ver o autor alagoano, um dos maiores romancistas brasileiros, para além da sua sinceridade imperdoável

 / Foto: Aymoré Marella/Acervo Projeto Portinari

Não importa quem escrevesse sobre o escritor alagoano Graciliano Ramos, algo era sempre recorrente: ressaltar que se tratava de um homem de poucas palavras, até seco como alguns de suas personagens. O jornalista Francisco de Assis Barbosa, em 1942, conta que ele é “um problema para o repórter que se propõe a biografá-lo”. Joel Silveira, amigo do autor, vez ou outra insistia para conseguir arranjar um horário com o colega.

Tanto era assim que o Velho Graça ganhou muitas descrições e adjetivações ao longo da vida. Era o “matuto sóbrio”, quase arredio, de fisionomia e voz cansada, olhos vivos e alertas, gestos lentos, riso “curto, quase sem expressão”, fumante incurável dono de uma personalidade amabilíssima, mas nada expansiva – parte disso ou tudo de uma só vez, dependendo do interlocutor. Uma da figuras literárias que ficou mais imortalizada pelos seus trejeitos, Graciliano ganha agora um volume com uma reunião das entrevistas e depoimentos que deu ao longo da vida. Intitulado Conversas com Graciliano Ramos, o livro é organizado por Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla e sai agora pela editora Record.

As Conversas – o título vem da preferência do autor por bate-papos informais em detrimento de entrevistas – têm um duplo papel: revelam o mito e o desconstroem, de uma só vez. Graciliano foi transformado, através de história contadas (e criadas) por amigos, como Aurélio Buarque de Hollanda, Joel Silveira e Otto Maria Carpeaux, numa espécie de Seu Lunga literário muito antes do personagem folclórico existir. Suas opiniões fortes sobre a literatura brasileira e sobre seus colegas de ofício são um exemplo, mas a fama ia muito além disso. As entrevistas mostram várias desses rompantes deliciosos, em uma rispidez que não deixa, nunca, de ser também amável.

No prefácio da obra, no entanto, os organizadores mostram como o livro permite ver, através de diferentes encontros e visões sobre o autor alagoano, uma sutileza. Graciliano não era só um homem calado, avesso a bate-papos. Ieda e Thiago ressaltam a importância de ver “a dimensão crítica de seus silêncios e das palavras que proferiu, a que não faltavam agudez, humor, afabilidade”.

De fato, a beleza do volume é que não se trata de uma reunião de depoimentos e respostas do autor. Há muito material para se ver as visões de Graciliano sobre o mundo político, o ofício da escrita e a análise das suas próprias obras. Só que parece ainda mais valioso olhar a descrição das suas expressões, as pausas para cigarros e as reticências, por exemplo. “Em certo sentido, Graciliano não só escreve, mas fala como quem passa um telegrama, ‘pagando caro por palavra’”, contam os organizadores. Isso é bem ilustrado em uma frase do alagoano sobre a origem da sua vontade de escrever: “Não podendo falar com os outros, habituei-me a falar só: a escrever”. Fica claro que a literatura, para ele, sempre foi uma negociação com o silêncio – daí a força de obras como Vidas secas e São Bernardo.

Diogo Guedes

Jornal do Commercio

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