
Que floria o Sertão com Poesia."
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O Poeta João foi uma semente
No Sertão germinada com vigor.
Fez a roça ser por agricultor,
O seu meio de lucro mais descente.
A natura de luto chora e sente
E sua horta sem ele está vazia.
Se eu pudesse de volta lhe trazia
Mas quem deita descansa sobre a manta.
A navalha da morte cortou a planta
Que floria o Sertão com Poesia.
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Como árvore sem galhos nós ficamos
Como o sol sem ter brilho está o mundo.
O Sertão em silêncio tão profundo,
A viola num canto nós guardamos.
Sem João pra cantar tristes estamos
E a saudade batendo nos judia.
Quem cantava o Sertão com maestria,
Hoje canta no céu pra sua santa.
A navalha da morte cortou a planta
Que floria o Sertão com Poesia.
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Pajeú o seu berço desforrou-se
E seu leito ficou sem morador.
Sem João o mentor e cantador
O Sertão sem versar desmoronou-se.
Desde que você do chão ausentou-se
Nós perdemos a sombra e nosso dia
Sem teus versos cantados a alegria
Não é a mesma de quem cantando encanta.
A navalha da morte cortou a planta
Que floria o Sertão com Poesia.
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Como vou sentir na terra firmeza
De manhã campeando o meu rebanho.
Nós sabemos que a dor é sem tamanho
Falta braços, pois nessa correnteza.
Nosso fôlego e a Mãe Natureza
Sem João pra cantá-la se atrofia.
Murcha a rama e urrando a vacaria
Com saudades do gênio também canta.
A navalha da morte cortou a planta
Que floria o Sertão com Poesia.
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Andrade Lima.
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