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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Superação: Conheça a história de lutas e vitórias de Judite da Macambira



O blog Mais Pajeú traz para seus leitores a emocionante história de Judite Ferreira da Silva, 32 anos.

A universitária tem a síndrome de Larsen, que afeta as articulações e provoca problemas de formação. A deficiência é de difícil diagnóstico e muitas crianças morrem logo após o nascimento. Desde criança, Judite aprendeu sozinha a adaptar sua vida à forma do seu corpo.


Apaixonada por matemática, Judite superou várias barreiras para seguir em busca do sonho de entrar na faculdade. Em seu quarto, no Sítio Macambira, no distrito de Riacho do Meio, em São José do Egito, guarda uma medalha de bronze, três placas de menção honrosa e três certificados de participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Movida a desafios, fez questão de participar das olimpíadas enquanto estudava na rede pública.

Abaixo relato escrita pela própria Judite da Macambira:

Não gosto e não posso planejar o meu futuro, pois logo que nasci, em 23-09-1981, algumas pessoas conhecidas da minha família, como Arlindo Brito, antecipou para minha mãe o não e o meu futuro de vida. Ele falou para ela, que eu não tinha tanta possibilidade de me criar ou meu futuro era do tipo limitado, como não andar, não falar, ser louca... 

Só conheci os meus avôs maternos, já que meus avôs paternos já eram falecidos quando nasci. Minhas avós eram irmãs e a que eram mãe do meu pai ficou viúva muito cedo com 4 filhos pequenos, sendo o meu pai o filho caçula entre os 4 filhos dela, ele tinham 2 anos de idade quando seu pai veio a falecer... A minha avó materna para casar-se com meu avô China (Manoel) teve que fugir de casa, porque a família dela não queria permitir o casamento com ele por causa da cor da pele e também por não saber que região e família ele pertenciam... 


 Alguns anos atrás eu tive um sonho que voltava no tempo da minha convivência com todos meus familiares de casa. Então resolvi escrever um diário com o título "GRANDE HISTÓRIA SÓ EU CONTO"... A minha mãe Zefa (Josefa), casou-se com seu primo Bastião (Sebastião), como citei antes minhas avós eram irmãs... Meus pais tiveram 12 filhos e desses, 2 nasceram deficiente físico, sendo o segundo e o penúltimo dos doses, só que antes de completar um mês de vida o primeiro filho deficiente veio a falecer e o segundo deficiente sou eu, que estou relatando essa história... 

Tanto o meu pai como a minha mãe estudaram pouco e quando ela precisava enviar carta para o meu pai e meus irmãos quando eles viajavam, ela pedia para uma das minhas irmãs passarem a limpo (reescrever) as cartas... 


 Na minha infância convivi mais em casa, brincava com meus irmãos mais novos, meu primo Damião e com um tempo depois também com meus sobrinhos Nilson e Nilma. Eu gostava de ir com minha irmã Ida (Aparecida) buscar água no carro de boi. E um dia já vinham de volta do açude com os tonéis cheio d'água sentada na frente vi uma frutinha chamada ameixa do mato ou ameixa brava na encosta da estrada, então tentei pegá-la, só que me escorreguei e cai de costa para o chão e vi o pneu rodando por cima de mim. A minha irmã Ida (Aparecida) levou-me correndo para casa e logo em seguida fui levada do Sítio Macambira imediatamente com todas as dificuldades daquela época pela minha mãe para o hospital UMMRS (Unidade Mista Rafael de Siqueira) da cidade de São José do Egito-PE... Chegando lá o médico examinou-me e não constatou nada fraturado. As pessoas não acreditavam no que tinham acontecido comigo. Passou alguns dias e veio a reação do acontecido que o médico não pode constatar, logo porque naquela época não existia os aparelhos que existem nos dias de hoje. Acho que Deus decidiu que eu passasse por outros acontecimentos nesse mundo por não ter feito a minha viagem sem volta neste acontecido... 


 Na minha infância me sentia uma pessoa comum brincava com os meninos, já que minhas irmãs são mais velhas e algumas primas que é da minha faixa etária moravam um pouco distante de casa... Só que as coisas foram mudando, meus irmãos indo trabalharem noutros Estados como sempre pai exercia lá em São Paulo , Rio de Janeiro, Brasília...

Veio o casamento da minha irmã mais velha, Maria das Graças, que foi muito marcante para guardar na minha memória, pois ver a casa cheia de gente desconhecida para mim, mas era conhecida da minha família. A chegada dela da Igreja, meus pais abençoando-a, a hora de tirar a foto que eu tanto queria...


Com um tempo veio o nascimento do meu primeiro sobrinho, Nilson, as fases de crescimento, de brincar com ele, como já citei antes, só que à medida que o tempo foi passando eu comecei a perceber que a vida que eu levava era diferente: saía pouco de casa, não estudava como meus irmãos mais velhos... Então, quando meu irmão caçula, Marcos começou a estudar, resolvi reclamar e pedir para minha mãe que também eu queria estudar. Ela me propôs que uma das minhas irmãs me ensinasse em casa, mas falei que queria estudar em escola como meus irmãos. Assim, foi quando comecei a estudar quase no fim do ano 1992 no Grupo Escolar Monsenhor Sebastião Ferreira Rabelo com 11 anos de idade. Foi uma fase legal durante esse período de estudos, porque ia para a escola, chegava à casa dos meus pais quase ao meio dia e a tarde ia embora para casa da minha irmã Ida (Aparecida). Lá faziam as tarefas escolares com ajuda dela ao lado dos meus primos que estudava comigo e a noite nós brincavam enquanto chegava sono, já que naquele tempo não existiam energia elétrica nesse Sítio, a luz era do candeeiro a gás... Quando essa minha irmã foi embora para São Paulo, minha rotina teve que mudar. Deixei de ter a companhia e amizade de antes dos meus primos e resolvi deixar de estudar por causa de tanta troca e falta de professor naquela época na Unidade escolar e também por causa das minhas limitações físicas. A minha prima Helena ajudava-me levar no braço uma parte do percurso de casa a escola, então por não ter a amizade de antes me achava estranha de ter que precisar da ajuda dela, então eu resolvi deixar de estudar em setembro de 1994.

Os anos foram passando, fui convivendo cada vez mais em casa com minha mãe, já que pai e meus irmãos trabalhavam uns na roça outros viajavam para trabalhar como pedreiro, carpinteiro..., e nos domingos era comum pai e meus irmãos iram ao jogo de futebol nos sítios da região... Minha mãe contava histórias para mim e meu irmão caçula, Marcos. Ela faziam planos, gostava de criar gado, galinhas, de plantar... Foi momentos difíceis presenciar a preocupação da minha mãe pela minha avó quando ela ficou acamada com suspeita de problema de coluna, assim nós passamos a ter preocupação também nela, por imaginar no problema de saúde dela, como hipertensão alta e que ela não tomava o medicamento regular, não se alimentava direito, pois chegava tarde nas vez que ia levar o almoço e jantar da minha avó. Pai reclamava com ela por agir daquela maneira de não se importar para se alimentar, deixar de tomar os medicamentos... Foi muito angustiante acordar em 20-10-1999 com aqueles gritos "oi, oi, oi dor de cabeça" da minha mãe. Desse dia até 10-12-1999 é inexplicável todo aquele sofrimento e não poder fazer nada pela a minha mãe. Sei que a viagem sem volta da minha mãe é como uma parte do mundo, que acabou junto dela para mim... Houve uma época que eu tomei de conta da casa e de meus dois sobrinhos pequenos, porque minhas irmãs que moravam aqui em casa trabalhavam na Empresa Serrote Redondo. Com um tempo depois deixei de tomar de conta da casa e dos meus sobrinhos pequenos filhos da minha irmã, Ida ( Aparecida) que tinha vindo de volta de São Paulo com 2 filhos, morar na casa dos meus pais. Ela resolveu construir uma granja de frango de corte, então saiu da Empresa Serrote Redondo para tomar de conta dos filhos, da casa e da granja dela...

Fui ficando sem destino do que fazer da minha vida, só pensava coisa confusa e comecei relatar que minha vida é sem futuro, e em certo momento falava que minha vida não valia nada. Foi ai que conheci Cal (Antônio Carlos) que trabalhavam como técnico de galinha de corte da Empresa Serrote Redondo. Veio prestar seu serviço na granja da minha irmã Ida (Aparecida) e no primeiro dia que ele me viu em 03-01-2005 tratou-me diferente daquelas pessoas, que eu já estava acostumada ao mim ver pela primeira vez fica olhando e fazendo perguntas sobre minha deficiência. Fiquei sem entender aquela atitude dele, mas os dias foram passando e ele sempre me perguntava se estava tudo bem, então ele foi conquistando minha confiança e fazendo-me com que eu desabafasse tudo que estava acumulado na minha mente. Cal (Antônio Carlos) foi conversando comigo e deu a maior força para voltar a estudar e procurar sair de casa, conhecer outras pessoas, ter uma conversa com Padre Luisinho (Luis Marques)... Foi muito difícil conversar com um Padre pela primeira vez em 06-08-2005. O Padre Luisinho (Luis Marques) também me deu força para voltar a estudar e ele me propôs fazer a primeira comunhão aos 24 anos de idade na cidade São José do Egito-PE para ser uma maneira de conhecer novas pessoas.

Nestes dias de mudanças radicais houve desequilíbrio e equilíbrio no entendimento dos meus familiares e conhecidos pelo fato de me virem sair de casa e ir sozinha na cidade, decidir voltar estudar, ter novos amigos... Resolvi organizar um almoço para apresentar os meus novos amigos e conhecidos a minha família e ao mesmo tempo meus amigos e conhecidos a conhecer minha família. Senti falta de não poder contar com a presença da minha mãe, do meu irmão Paulo que viajou para Brasília em 15-01-1989 pela segunda vez e que não veio mais em casa e nem nós da notícia e também da pessoa que foi muito importante conhecê-lo, o meu grande amigo de coração “Cal (Antônio Carlos)”... Voltei a estudar para não ficar sem ter o que fazer e ver se ajudava o dia passar mais rápido, pois ficar sem alguma atividade só me trás preocupações em vários assuntos. Pretendo continuar estudando, mas sem planejar nada de futuro. Queria também não ficar tão realista com minhas atitudes e que as pessoas não fiquem criando fantasias, pois tenho outra visão da realidade do mundo...

Fonte: Mais Pajeú
Via Pajeú da Gente

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