FONTE PERENE
Terra
rica de ventre fecundante
Mãe
de grandes poetas repentistas
São
José nos canais dos sertanistas
Corre
o sangue da glosa delirante
Cada
palmo de chão há quem te cante
Cultivando
no peito pés liristas
És
a musa sublime dos artistas
Faraós
imortais da consoante
A viola rainha deste Egito
Tem
repouso no trono do seu mito
No
compasso real da cantoria
Nunca
falta no vate da inspiração
Nessa
fonte perene do sertão
Eu
me banho de versos todo dia.
SOMBRA
DA SOLIDÃO
Acompanha-me o ermo do eremita
Como
o vício banal do dependente
Sou
a triste Tristeza do doente
Que
não tem do prazer uma visita
O
meu sol solitário solicita
Nova
face surgida do nascente
Mas
a treva desperta do poente
Me
fartando da sua cor maldita
Minha
sombra me assombra com fervor
Meu
fantasma se pasma de pavor
No
silêncio da vasta solidão
Sou
o totem da tribo dizimada
Sentinela
que vive a ser velada
Pelo
olhar do carrasco solidão.
Arlindo
Lopes
CANTIGAS
E CANTOS

Nenhum comentário:
Postar um comentário