quinta-feira, 27 de junho de 2013

Poesia: Arlindo Lopes em Dois Sonetos: "Fonte perene" e "Sombra da Solidão"















FONTE PERENE

Terra rica de ventre fecundante
Mãe de grandes poetas repentistas
São José nos canais dos sertanistas
Corre o sangue da glosa delirante

Cada palmo de chão há quem te cante
Cultivando no peito pés liristas
És a musa sublime dos artistas
Faraós imortais da consoante

A viola rainha deste Egito
Tem repouso no trono do seu mito
No compasso real da cantoria

Nunca falta no vate da inspiração
Nessa fonte perene do sertão
Eu me banho de versos todo dia.


SOMBRA DA SOLIDÃO

Acompanha-me  o ermo do eremita
Como o vício banal do dependente
Sou a triste Tristeza do doente
Que não tem do prazer uma visita

O meu sol solitário solicita
Nova face surgida do nascente
Mas a treva desperta do poente
Me fartando da sua cor maldita

Minha sombra me assombra com fervor
Meu fantasma se pasma de pavor
No silêncio da vasta solidão

Sou o totem da tribo dizimada
Sentinela que vive a ser velada
Pelo olhar do carrasco solidão.

Arlindo Lopes

CANTIGAS E CANTOS

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