Desde 1943 eles são a cara de São Paulo. Com estilo próprio e sambas que passam de geração em geração, os Demônios da Garoa comemoram 70 anos de história, com cerca de 80 discos lançados. Para celebrar, o grupo faz uma turnê por todo o Brasil com o novo DVD, "Vem Cantar Comigo", que tem participação de sambistas como Dudu Nobre e Péricles, e mescla as músicas inéditas com as clássicas. "Nesse trabalho, trazemos canções novas, como "Rotina´ e ´Bêbado Mineirim´, mas também cantamos as mais conhecidas, como ´Saudosa Maloca´ e ´Trem das Onze´", diz o músico Sérgio Rosa.
Desde 1994 o grupo está no "Livro dos Recordes" como a banda mais antiga em atividade da América Latina. Porém, de acordo com Sérgio, a vontade é alcançar um objetivo único. "Nossa meta é atingir os cem anos de existência e nos consolidar como o grupo mais antigo do planeta. Meu filho mais novo, Sérgio Jr., já toca percussão e está na fila para entrar no Demônios", conta ele, que substituiu seu pai, Arnaldo Rosa, na década de 1980, e, hoje, canta ao lado do filho Ricardinho. "É uma honra poder celebrar essa data. O que nos motiva é ver que a plateia dos nossos shows é composta por crianças, adultos e idosos. É gratificante".
Exemplo
A comemoração dos 70 anos do Demônios da Garoa repercute em outros sambistas, que têm o grupo como exemplo a ser seguido. "Eles são ícones da música e um exemplo de como é possível triunfar no samba. O Demônios consegue aliar a qualidade com um jeito todo característico que é só deles´´, diz o músico Dudu Nobre, que, inclusive, tem participação especial no novo DVD do grupo. "Cantamos juntos a música "Zoião´, inédita que ficou muito legal".´
Fã desde o começo do grupo, o cantor Jair Rodrigues diz que tem um sonho a realizar. "Ainda quero gravar alguma coisa com eles. Esse grupo paulistano dá uma aula de carisma´´, elogia.
Filha do sambista Martinho da Vila, a cantora Mart´nália cresceu ouvindo os discos do Demônios. "Eles são os responsáveis por disseminar o samba para todas as classes sociais e tirar um pouco do preconceito contra o ritmo".
Osvaldinho da Cuíca, que foi integrante do Demônios da Garoa nos anos 1980 e 1990, conta que não imagina a história da música brasileira sem o grupo. "Eles deram uma nova identidade à música, fazendo a batida de samba rural paulista, com som onomatopaico", diz. "E, para manter o samba vivo, ainda seguraram a onda da invasão do rock americano, na década de 1960".
Agenda
Os clássicos do samba paulistano de 50 ou 60 anos atrás ainda podem ser ouvidos ao vivo, na voz e no som do próprio Demônios da Garoa, que continua com agenda de shows movimentada.
Quando os músicos estão na capital paulista, costumam se apresentar no Quintal do Espeto, em Moema (zona sul), além de tocar em casas de shows. A próxima aparição do grupo no bar será amanhã. Nessa semana, eles fazem dois shows no interior de São Paulo - em Sorocaba e Piracicaba. Eles ainda passam por Minas Gerais e, depois, lançam o DVD no Rio.
FABIANA SCHIAVON
FOLHAPRESS
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