Foram
realizadas gravações no Assentamento Santa Catarina, local em Zabé vive desde
2003. Também houve gravações na loca em que Zabé viveu por 25 anos, no Sítio
Tungão, a 19 km de Monteiro. No sábado, 8, a equipe do Visceral Brasil
registrou um encontro entre Zabé, músicos e poetas da região.
“A
proposta é registrar o ambiente, o lugar que “formou” Zabé, a paisagem e o
universo inspiradores. Vamos filmar o céu, os trabalhadores rurais, o movimento
que faz o tempo no sertão, os dias, as horas, os minutos que passam de uma
forma muito única, com um ritmo próprio”, explica a diretora da série, Márcia
Paraíso.
A
única alternativa foi mudar-se com a família para uma gruta (uma loca, na
linguagem da região), cuja entrada ela tapou com paredes de taipa e onde passou
o seguinte quarto de século. Surgiam ali o apelido e as condições que talhariam
a sua música. Do pife, Zabé da Loca extraiu o som do seu universo paralelo.
Descoberta
pela mídia em 1995, a artista saiu da caverna. Assentada da Reforma Agrária,
sua música – sem tempo, sem espaço – faz sentido tanto para os tradicionalistas
quanto para os jovens. A pifanista serviu de inspiração em discos de artistas
como o percussionista argentino Ramiro Mussoto e o grupo paraibano Cabruêra.
Em
2007, aos 83 anos, gravou seu terceiro álbum, intitulado Bom Todo. O título do
álbum é a forma como Zabé da Loca se refere a algo ou a alguma coisa que
considere maravilhosa.
Visceral
Brasil é uma produção da Plural Filmes em parceria com a Joner Produções. Serão
treze documentários sobre as raízes da música brasileira, sua diversidade e
seus grandes mestres que, sem romper com suas origens, extrapolaram a
visibilidade regional e tornaram-se referência para a MPB. A estreia da série
está prevista para o primeiro semestre de 2014 na TV Brasil.
Durante
todo o ano de 2013, a equipe de produção do Visceral Brasil vai percorrer
diversas cidades da Bahia, Paraíba, Pará, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco,
Rio Grande do Sul e Rondônia com o desafio de registrar o universo musical dos
treze personagens escolhidos: Bule Bule, Zabé da Loca, Mestre Humberto, Dona
Onete, Mestre Vieira, Mestre Laurentino, Côco Raízes de Arcoverde, Dona Maria
do Batuque, Pedro Ortaça, Giba Giba, Arlindo dos 8 baixos e o grupo
Zambiapunga.
Com
curadoria de Carla Joner e direção de Márcia Paraíso, cada episódio terá uma
linguagem própria, coerente com o perfil de cada personagem. O episódio sobre
Bule Bule também é codirigido por Carla Joner.
O
primeiro episódio da série foi gravado na Bahia em abril. Intitulado O
trovador, o cabra e os mundos, o documentário retrata o músico, escritor,
compositor, poeta, cordelista, repentista, ator e cantador baiano Antônio
Ribeiro da Conceição, o Bule Bule. O episódio tem cenas gravadas também em
Lisboa – onde Bule Bule se apresentou durante as atividades do Ano do Brasil em
Portugal e encontrou Dona Onete, cantora paraense que também será tema de um
dos episódios da série. Bule Bule percorreu as ruas de Lisboa, versando e
descobrindo a terra de origem da literatura de cordel e do repente.
Vitrine
do Cariri
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