Que o perfume contido na roseira
É herdado e levado a derradeira,
Sem que ele pra isso ao menos visse.
Mas poeta não pensa com crendice
Nem precisa estudar ‘coisa’ demais
Pra saber que a aranha vai pra trás
E pra frente, dum lado, volta e meia,
Com o intuito de costurar a teia
Pra que a linha não solte nunca mais.
E quem disse que o vício não maltrata?
Que a madeira do serra- pau não presta?
Até mesmo nos seres da floresta
A rotina se vê no vão da mata.
Paciente, o inseto, ao pau devasta,
Acoitando seu tronco na maneira
Que as ferpas se espalham na poeira
Recaindo ao chão, num só bulício.
Isso tudo somente pelo vício
Sem ter nunca se usado da madeira.
Tu, poeta, não foste certamente
Um aluno de versos em escola.
Tua escola te foi tua viola,
Teu tutor para a vida foi repente.
Como a planta que morre e a semente
Vira a filha da falecida planta,
És semente na terra da mais santa
Qualidade de uso e bom papel.
Na gaiola poética sois xexeú
Que cantou todo verso na garganta.
Hoje vejo meu Pajeú mais só,
Cometido do tenebroso mau
De não ter mais a voz do imortal,
De não ter mais aqui Mané Filó.
Enlutado o Sertão chora com dó
Ao lembrar de quem é sempre lembrado.
Falo em verso num tom emocionado,
Digo hoje e direi todas às vezes:
Manoel Filomeno de Menezes
Pelo tudo que sois, muito obrigado!
Lucas Rafael,
Nenhum comentário:
Postar um comentário