A gravadora não levava muita fé. Tanto que deixou as coisas correrem soltas nas gravações do álbum de estreia da banda formada por Ney Matogrosso (vocal), João Ricardo (violões, harmônica de boca e vocal) e Gerson Conrad (violões e vocal). "Eles prensaram 1,5 mil cópias para serem vendidas ao longo do ano. Vendeu tudo em uma semana", relembra Ney, 71 anos, um dos artistas mais criativos da MPB há quatro décadas.
Sucesso comercial da banda foi bem além daquela tiragem
inicial do LP batizado com o nome do grupo, Secos & Molhados. "Num
intervalo de 11 meses, gravamos dois discos. O primeiro vendeu 1 milhão de
cópias; o segundo, 750 mil. Isso numa época em que o Roberto Carlos - o artista
mais bem sucedido do País - ganhava disco de ouro vendendo 50 mil",
compara Gerson Conrad. O músico dá outra ideia do estrondoso sucesso daquele
primeiro álbum - e de seu sucessor. Até hoje ele vive de direitos autorais,
graças à invejável marca de 50 mil a 60 mil cópias (entre LPs, CDs e álbuns
digitais) vendidas anualmente, contendo as canções daqueles dois primeiros
trabalhos.
O visual também era pouco
usual. O trio não composto de almofadinhas prontos a serem devorados pelas
adolescentes, nem gente vestindo as últimas tendências da moda contracultural.
Ainda que ao vivo a trupe fosse muito maior, o grupo era oficialmente formado por três sujeitos franzinos. Dois hippies barbados, de cara pintada, adornados de cristais e purpurina, ladeavam uma figura andrógina, nua da cintura para cima, com plumas e maquiagem pesada.
Ainda que ao vivo a trupe fosse muito maior, o grupo era oficialmente formado por três sujeitos franzinos. Dois hippies barbados, de cara pintada, adornados de cristais e purpurina, ladeavam uma figura andrógina, nua da cintura para cima, com plumas e maquiagem pesada.
A voz aguda, quase
feminina, de Ney Matogrosso também não encontrava igual na programação
radiofônica da época. Tudo exalava provocação em pleno governo Medici, num
Brasil sob uma Ditadura Militar que já havia forçado o exílio de gente como
Caetano Veloso e Gilberto Gil. "A transgressão era uma consequência da
situação em que se vivia no Brasil. Não é que a música só pudesse ser mostrada
assim. Mas a minha única maneira de dizer o que eu pensava a respeito de tudo
aquilo era por meio da transgressão", conta Ney Matogrosso. Ele surgiu
como uma estranha e incômoda figura que atraia homens e mulheres e fascinava as
crianças.
O disco
"Secos & Molhados" foi gravado entre maio e junho de 1973. Chegou às lojas em agosto, numa embalagem difícil de resistir. A capa tinha sua força magnética: um banquete servia as cabeças de quatro figuras mascaradas (o trio principal e o baterista argentino Marcelo Frias, que deixou o line-up enquanto a arte era impressa). A bolacha reunia 13 canções autorais. "Sempre acreditamos no repertório autoral. Desde o início. O único cover com que brincávamos, e só para aquecer a voz, era ´Banho de Lua´, da Celly Campello. Brincávamos com ela, em três vozes. Acho que a banda tocou essa música no palco apenas ums vez, em Santo André. Mas jamais fizemos versões. O Secos sempre foi um grupo com trabalho próprio, de autor", define Gerson Conrad.
"Secos & Molhados" foi gravado entre maio e junho de 1973. Chegou às lojas em agosto, numa embalagem difícil de resistir. A capa tinha sua força magnética: um banquete servia as cabeças de quatro figuras mascaradas (o trio principal e o baterista argentino Marcelo Frias, que deixou o line-up enquanto a arte era impressa). A bolacha reunia 13 canções autorais. "Sempre acreditamos no repertório autoral. Desde o início. O único cover com que brincávamos, e só para aquecer a voz, era ´Banho de Lua´, da Celly Campello. Brincávamos com ela, em três vozes. Acho que a banda tocou essa música no palco apenas ums vez, em Santo André. Mas jamais fizemos versões. O Secos sempre foi um grupo com trabalho próprio, de autor", define Gerson Conrad.
DELLANO RIOS
EDITOR
Diário do Nordeste
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