Quando parte o astro rei
“Ciclo”
Eu vi a boca da noite
Escurecer de repente
Morder do sol um pedaço
Que morria no poente
Pra doze horas depois
Vomitá-lo no nascente.
Pelas cancelas do mundo
Perambulei pela vida
Como um cego no deserto
O meu caminho era incerto
Procurando uma guarida
No meu peito uma ferida
Surgiu com o passar dos anos
Mudei rotas, desfiz planos
Afundei as caravelas
Bati mais de mil cancelas
Na estrada dos desenganos.
Vida, vida Severina
“À poetisa Severina Branca”
Existe dentro de mim
Todas as dores do mundo
A solidão dos sepulcros
Os sonhos de um vagabundo
Uma tristeza infinita
Como a tristeza que habita
O olhar de um moribundo
Ao poeta Ronaldo Cunha Lima
O poeta Ronaldo não morreu
Um poeta não morre, diz o tema
Se escondeu pelo um tempo na neblina
Onde encontra-se compondo algum poema
Namorando com a lua de Campina
Bafejando o ar da Borborema
Eu só queria pedir
A esses relojoeiros
Que trabalham com afinco
No acerto dos ponteiros
Pra que eles errassem mais
Puxando um pouco pra trás
O marco dos meus janeiros.
A esses relojoeiros
Que trabalham com afinco
No acerto dos ponteiros
Pra que eles errassem mais
Puxando um pouco pra trás
O marco dos meus janeiros.
Para Antonio de Catarina nos seus 70
anos.
Edinaldo Leite (Poeta Egipciense)
Fonte Balcão de Bodega
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