terça-feira, 16 de abril de 2013

Música: Zeca Pagodinho comemora 30 anos de carreira relembrando sambistas que o influenciaram

Zeca Pagodinho divulga seu DVD que comemora três décadas de <a title="Click to Continue > by Browse to Save" id="_GPLITA_1" style="text-decoration:underline" href="#" in_rurl="http://i.trkjmp.com/click?v=QlI6Mjc2MTc6ODk1OmNhcnJlaXJhOjc0NzUyYzJjMTZjOGQ5ZWU4YjQ2YjI5YzZjN2I5MDQ1OnotMTA2My0xNTIxOTpwdWJsaWNhZG9yLmludHJhbmV0OjIwMTA1OjQ1YWU5Y2MzOTY2ZjA4ZjU3ODA1ZWQzNWJhZDExN2Q3">carreira</a>

Prestes a lançar o CD e DVD "Zeca Pagodinho 30 Anos, Vida que Segue", que celebra três décadas de carreira, Zeca recebeu a imprensa em um hotel na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, para contar detalhes da produção do trabalho. Gravado em dois shows em 4 e 5 de dezembro do ano passado, o lançamento, em vez de fazer um apanhado da trajetória do artista, como era de se imaginar, reúne grandes sambas do passado, de autores que o influenciaram.
A lista de homenageados inclui Candeia ("Preciso Me Encontrar"), Zé Kéti e Elton Medeiros ("Mascarada"), Paulinho da Viola ("Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida") e Adoniran Barbosa ("Trem das Onze"), entre outros. O material será lançado no dia 23 de maio. 
Também compila clássicos como "Aquarela Brasileira" (Silas de Oliveira"), "Volta Por Cima" (Paulo Vanzolini) e "Quem Parte Leva Saudade" (Francisco Scarambone). De quebra, o CD e DVD conta com a participação de convidados como Paulinho da Viola, Marisa Monte, Velha Guarda da Portela, Yamandú Costa, Hamilton de Holanda,  Roberto Menescal e outros.
A escolha dos convidados, segundo o próprio Zeca Pagodinho, foi natural, por afinidade. "Eu mesmo convidei a Marisa, o Paulinho... Já o Leandro Sapucahy eu encontrei no shopping. Como eu gosto dele, o convidei para gravar comigo. Ele representa bem a juventude, a geração dele", elogiou.
AgNews

A única faixa inédita no trabalho é "É Vida Que Segue (Por que Não?)", de Serginho Meriti, Rodrigo Leite e Cocão. A música, que não estava prevista para ser incluída, mas acabou batizando o lançamento, foi gravada em forma de clipe com a participação de Xuxa e do coro dos alunos da Escola de Música do Instituto Zeca Pagodinho.
"Essa música não tinha a ver com o projeto, mas ela me tocou e tocou quem a ouviu. Quando o Serginho cantou a música todo mundo parou, e eu decidi que iria gravá-la com as crianças de Xerém", conta o cantor.
Com 30 anos de estrada, Pagodinho acredita que tenha se tornado uma referência no meio do samba porque sempre procurou fazer o melhor e trabalhar com os melhores. Um exemplo disso é o próprio projeto que comemora esses 30 anos. Em vez de rearranjar antigos sucessos seus, o artista preferiu citar suas referências musicais e apresentar essa herança às novas gerações.
"Quem viveu essa época, vai lembrar e gostar. E quem não viveu, vai conhecer. A gente procurou fazer os arranjos como eles eram. A opção por esse repertório é porque foi onde eu comecei, é sobre a minha paixão pelo samba, pela música brasileira. A partir daí, a vida me levou e fez de mim um artista", justifica.
Uma outra paixão talvez explique a escolha por esse repertório que remete a uma outra época, mais romântica, do samba e da música brasileira em geral: a admiração pela Velha Guarda. Em especial, a da Portela, sua escola de coração. Os encontros com antigos sambistas não apenas moldaram a música e o caráter de Zeca Pagodinho, como foram seu passaporte para o meio artístico.
"Quando a gente os vê cantando, eles têm uma organização que é só deles. Os violões, o cavaquinho, o jeito de cantar... Há um respeito, uma coisa meio mística. É uma preciosidade. E eu comecei no primeiro Terreiro da Portela, na casa da Tia Doca, onde mostrei meus primeiros trabalhos. O samba era tocado baixo, a gente ouvia o cantor. Às vezes, eles deixavam a gente cantar uma música, porque nossa batida era diferente, e eles torciam o nariz", recorda.
Bem-humorado, como de costume, Zeca Pagodinho admitiu que, no repertório com 19 músicas que compõe o CD e DVD, uma lhe deu mais trabalho do que ele imaginava: "Mascarada". Ainda assim, e apesar dos apelos da família, ele enfrentou o desafio e conseguiu decorar a letra e achar a forma ideal de interpretar a canção. 
"A gente cantava essa música em casa quando eu era garoto, mas de algumas partes eu não lembrava mais. Meu medo era errar em um show para a imprensa e convidados. Ouvi a música umas 500 mil vezes. Ninguém lá em casa aguentava mais. Mas eu encarei e gravei de primeira", orgulha-se.
O bom humor virou piada, definitivamente, quando o cantor foi perguntado sobre o que ele lembra, quando coloca a cabeça no travesseiro, sobre esses 30 anos de carreira e os muitos altos e baixos de uma trajetória musical. "Quando eu boto a cabeça no travesseiro há muitos altos e baixos porque eu bebo muito durante o dia." 
Outro momento divertido do bate-papo foi quando Pagodinho foi questionado sobre se aceitaria participar da abertura dos Jogos Olímpicos, caso fosse convidado. Eterno malandro, o artista não perdeu a oportunidade. "Com essa pinta de atleta? Olimpíada de quê? Essa foi do c…! Ta maluco?! A bola está aqui na barriga!." 
Mas quem é bom sabe fazer piada e sabe falar sério. Cidadão engajado e um apaixonado declarado pela localidade de Xerém, na Baixada Fluminense, Zeca lamenta que, a despeito das últimas enchentes que colocaram, de forma negativa, a região na mídia, nada tem sido feito pelo poder público para mudar a situação.
"Lá já não tinha nada. Agora tem nada menos 50. Vejo o mínimo ser feito por lá. Continua tudo do mesmo jeito, improvisado, com ponte quase caindo, ponte quebrada... O Governo Federal diz que a responsabilidade é do Estadual, que diz que é do Municipal, que diz que é do Federal. O que eu sei é que tem gente ficando rica às custas da tragédia dos outros."
Depois do desabafo, Pagodinho voltou a descontrair o ambiente ao pedir água, algo raro para um notório cervejeiro. Mas o cantor se saiu bem ao justificar o pedido. "É só hoje, porque eu estou com um problema na garganta. Fico até constrangido. Mas se o meu médico bobear, daqui a pouco eu vou abrir uma ali escondido".
Para os próximos 30 anos, Zeca Pagodinho diz que deixa nas mãos de Deus, mas que pretende continuar tomando sua cerveja e cantando samba. De preferência, ao lado dos velhos amigos com quem costuma dividir o palco em suas apresentações. "Eu os conheci no morro, no botequim, e não no palco. Na hora de tocar, tem que tocar, não pode jogar água pra fora da bacia. Mas, fora do palco, é tudo compadre."

Alexandre Coelho 
Do UOL, no Rio de Janeiro

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