Seu relacionamento com Dominguinhos é um capítulo longo, e pouco conhecido, da vida dele. Os dois se conheceram no Rio, no final dos anos 70, mas Guadalupe confessa que se apaixonou por Dominguinhos a primeira vez que o viu no palco, num show de Nara Leão: “Eu estava prestes a sair do Brasil, tinha sido contratada por um produtor inglês para dançar no Molin Rouge, em Paris. Mas quando começou o show, uma das músicas foi Folhetim, que não havia ainda sido gravada, comecei a chorar. Comecei a me dizer que não podia sair do Brasil, que precisava daquilo. Quando terminou o show sai correndo feito uma louca para o camarim. Queria falar com. Pedi para me apresentaram o sanfoneiro”.
A facilidade de chegar ao camarim, porque ele foi com o tio, o ator Luiz Mendonça, e quem produzia o show era o pernambucano Wellington Lima, na época casado com Xuruca Pacheco, prima de Guadalupe. A primeira vez que ela viu Dominguinhos foi em Fazenda Nova, ainda adolescente. Ele tinha ido participar do primeiro festival de verão que aconteceu no teatro ao ar livre˜. Dominguinhos na época tocava com Gal Costa: “Os melhores momentos da minha vida aconteceram em Fazenda Nova. Comecei a fazer a Paixão de Cristo com quatro anos de idade”, conta Guadalupe. Foi o avô dela, Epaminondas Mendonça, líder político da região, que iniciou, com sua mulher, Sebastiana Mendonça, a Paixão de Cristo, em 1951. O filho dele, Luiz Mendonça, foi o primeiro Cristo na encenação do drama sacro.
Mesmo com antecedentes na família, o pai de Guadalupe, o deputado Paulo Lucena de Mendonça, proibiu a filha de seguir a carreira artística: “Sofri violência doméstica. Meu pai me proibia de pensar, de viver”, confessa Guadalupe. Mas não adiantou. No Recife, ela começou a participar de programas no Canal 2 (atual TV Jornal). Quando se tornou impossível continuar cantando, pelas imposições do pai, Guadalupe conta que, com 18 anos, fugiu para São Paulo: “Conheci Marcio Fasano, quando ele veio ao Recife com a peça Computa, computador, computa de Millor Fernandes. Fiquei hospedada na casa dos avós dele em São Paulo. Trabalhei como modelo, participei do musical Onde canta o sabiá, com direção de Tânia Alves”, conta Guadalupe. Tânia Alves participou do grupo Chegança, de Luiz Mendonça.
José Teles
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