“Cumo
a cigarra e a furmiga
Vô levano meu vivê
Trabaiano pra barriga
E cantano inté morrê
Venceno a má fé e a intriga
Do Tinhoso as tentação
Cortano foias pras amiga
Parano ponta c´as mão
Como a cigarra e a furmiga
Cantano e gaîano o pão”
Trabaiano pra barriga
E cantano inté morrê
Venceno a má fé e a intriga
Do Tinhoso as tentação
Cortano foias pras amiga
Parano ponta c´as mão
Como a cigarra e a furmiga
Cantano e gaîano o pão”
"O violeiro que suscita a nossa busca por seus trabalhos mostra
genialidade em tudo o que faz; compositor de obras primas é também, genial
nas melódicas prefere viver no sertão como criador de bodes. Mas, você precisa
conhecê-lo melhor! Elomar Figueira Mello é um genio no que faz!" Ana Marly
de Oliveira Jacobino
Conheça Elomar por ele
mesmo:
Vídeo completo / Programa Ensaio - TV Cultura
Vídeo completo / Programa Ensaio - TV Cultura
Nasceu Elomar na Fazenda Boa Vista, pertencente aos
seus avós, Sr. Virgilio Ferraz e Sra Dona Maricota Gusmão Figueira.
A formação protestante foi herdada da família.
Passagens do Velho Testamento estão sempre presentes nas letras de sua obra,
como na música "Ecos de uma Estrofe de Abacuc".
Seus pais eram o Sr. Ernesto Santos Mello, filho de
tradicional família da zona da mata de Itambé, Bahia e a Sra. Dona Eurides
Gusmão Figueira Mello. Tem dois irmãos: Dima e Neide
Estudou entre o sertão e a capital e mais tarde,
formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia, no final da década
de 1960. Teve uma passagem rápida também pela Escola de Música dessa
Universidade.
Casado com Adalmária de Carvalho Mello, pai de Rosa
Duprado, João Ernesto e do maestro João Omar.
Elomar prefere viver a maior parte do seu tempo nas
suas fazendas. A Fazenda Gameleira, que ele chama de Casa dos Carneiros,
imortalizada na música Cantiga do Amigo, localizada a 22 Km de Vitória da
Conquista, na Fazenda Duas Passagens,que se localiza na bacia do Rio Gavião, e
na Fazenda Lagoa dos Patos, na Chapada Diamantina.
"A
mim me parece um disparate que exista mar em seu nome, porque um nada tem a ver
com o outro, No dia em que "o sertão virar mar", como na cantiga,
minha impressão é que Elomar vai juntar seus bodes, de que tem uma grande
criação em sua fazenda "Duas Passagens", entre as serras da
Sussuarana e da Prata, em plena caatinga baiana, e os irá tangendo até encontrar
novas terras áridas, onde sobrevivam apenas os bichos e as plantas que, como
ele, não precisam de umidade para viver; e ali fincar novos marcos e ficar em
paz entre suas amigas as cascavéis e as tarântulas, compondo ao violão suas
lindas baladas e mirando sua plantação particular de estrelas que, no ar enxuto
e rigoroso, vão se desdobrando à medida que o olhar se acomoda ao céu, até
penetrar novas fazendas celestes além, sempre além, no infinito latifúndio.
Pois assim é Elomar Figueira de Melo: um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido, em seus 34 anos de vida e muitos séculos de cultura musical, nisso que suas composições são uma sábia mistura do romanceiro medieval, tal como era praticado pelos reis-cavalheiros e menestréis errantes e que culminou na época de Elizabeth, da Inglaterra; e do cancioneiro do Nordeste, com suas toadas em terças plangentes e suas canções de cordel, que trazem logo à mente os brancos e planos caminhos desolados do sertão, no fim extremo dos quais reponta de repente um cego cantador com os olhos comidos de glaucoma e guiado por um menino - anjo a cantar façanhas de antigos cangaceiros ou "causos" escabrosos de paixões espúrias sob o sol assassino do agreste." (...)
(Vinicius de Moraes compositor e poeta brasileiro) 1973
Pois assim é Elomar Figueira de Melo: um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido, em seus 34 anos de vida e muitos séculos de cultura musical, nisso que suas composições são uma sábia mistura do romanceiro medieval, tal como era praticado pelos reis-cavalheiros e menestréis errantes e que culminou na época de Elizabeth, da Inglaterra; e do cancioneiro do Nordeste, com suas toadas em terças plangentes e suas canções de cordel, que trazem logo à mente os brancos e planos caminhos desolados do sertão, no fim extremo dos quais reponta de repente um cego cantador com os olhos comidos de glaucoma e guiado por um menino - anjo a cantar façanhas de antigos cangaceiros ou "causos" escabrosos de paixões espúrias sob o sol assassino do agreste." (...)
(Vinicius de Moraes compositor e poeta brasileiro) 1973
Duas composições desse genial da caatinga:
TIRANA
Inriba daquela
serra passa u'a istrada rial
Entre todos qui
ali passa uns passa bem ôtros mal
Apois lá moraum
ferrêro ferradô de animal
Qui sentado o
dia intêro no portêro do quintal
Conta istoras
de guerrêros
De cavalêros
ligêros
Do Rêno de
Portugal
Anda mula ruana
Qui a vida
tirana
Foi dexada por
Deus
Dêrna de Adão
Pra quem pissui
os tére
Aqui na terra
Pra quem nada
pissui
Te pru ladrão
Das coisas de
minha ceguêra aquela qui eu mais quiria
Formá u'a tropa
intêra e arribá no mundo um dia
Cabeçada de u'a
arrôba vinte campa de arrilia
Cruzeta riata
nova rabichola e peitural
E arriça fazeno
ruaça
A tripa na bôca
da praça
Do Rêno de
Portugal
Destá mula
ruana
Na vida tirana
Ela é fela e
mais dura
Qui a lei
Nóis inda vai
xabrá
Pinga de cana
Jabá e rapadura
Mais o rei
Cuano saí lá de
casa dexei os campo in fulô
A lua já deu
treis volta só a buneca num voltô
Mais prá quê
tanta labuta corre corre e confusão
Quanto mais
junta mais dana é tribusana é só busão
Oras qui na
vida in ança
O pobre cristão
só discansa
Dibaixo d'um
tampo de chão
Para mula ruana
Dexa de gana
Qui a vinda do
tropêro
É só u'a veis
Assusta mêrmo a
vida
Assim tirana
É pura buniteza
Foi Deus quem
fez
Campo Branco
Campo
branco minhas penas que pena secou
Todo o bem qui nóis tinha era a chuva era o amor
Num tem nda não nóis dois vai penano assim
Campo lindo ai qui tempo ruim
Tu sem chuva e a tristeza em mim
Peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abrãao
Prá arrancar as pena do meu coração
Dessa terra sêca in ança e aflição
Todo bem é de Deus qui vem
Quem tem bem lôva a Deus seu bem
Quem não tem pede a Deus qui vem
Pela sombra do vale do ri Gavião
Os rebanhos esperam a trovoada chover
Num tem nada não tembém no meu coração
Vô ter relampo e trovão
Minh'alma vai florescer
Quando a amada a esperada trovoada chegá
Iantes da quadra as marrã vão tê
Sei qui inda vô vê marrã parí sem querer
Amanhã no amanhecer
Tardã mais sei qui vô ter
Meu dia inda vai nascer
E esse tempo da vinda tá perto de vin
Sete casca aruêra cantaram prá mim
Tatarena vai rodá vai botá fulô
Marela de u'a veis só
Prá ela de u'a veis só
Todo o bem qui nóis tinha era a chuva era o amor
Num tem nda não nóis dois vai penano assim
Campo lindo ai qui tempo ruim
Tu sem chuva e a tristeza em mim
Peço a Deus a meu Deus grande Deus de Abrãao
Prá arrancar as pena do meu coração
Dessa terra sêca in ança e aflição
Todo bem é de Deus qui vem
Quem tem bem lôva a Deus seu bem
Quem não tem pede a Deus qui vem
Pela sombra do vale do ri Gavião
Os rebanhos esperam a trovoada chover
Num tem nada não tembém no meu coração
Vô ter relampo e trovão
Minh'alma vai florescer
Quando a amada a esperada trovoada chegá
Iantes da quadra as marrã vão tê
Sei qui inda vô vê marrã parí sem querer
Amanhã no amanhecer
Tardã mais sei qui vô ter
Meu dia inda vai nascer
E esse tempo da vinda tá perto de vin
Sete casca aruêra cantaram prá mim
Tatarena vai rodá vai botá fulô
Marela de u'a veis só
Prá ela de u'a veis só
Fonte: agendaculturalpiracicabana
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