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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Música: Ed Motta se reconecta com seu melhor passado e lança disco ‘AOR’

 Após álbuns atípicos e polêmicas no Facebook, o músico volta com seu décimo álbum de estúdio

 'Piquenique', seu último álbum, foi lançado em 2009

Sem gravar desde 2009, o compositor aventura-se no mercado independente
Foto: Camilla Maia 
RIO - Em 1988, aos 17 anos, Ed Motta despontava no cenário musical brasileiro com a banda Conexão Japeri, no embalo dos sucessos radiofônicos “Manuel” e “Vamos dançar”. Hoje, aos 41, ele está de volta com “AOR”, seu décimo álbum de estúdio — o primeiro desde “Piquenique”, de 2009. O tempo de afastamento, quando sua vida passou por algumas turbulências, só reforçou velhos amores.

O novo disco é um mergulho no universo do chamado “Adult Oriented Rock” ou “Album Oriented Rock”. Um termo usado pelos especialistas para definir um tipo de música muito popular nas rádios do planeta entre 1977 e 1983, de canções com um suingue morno, vocais melodiosos, instrumental com requintes jazzísticos, guiado por pianos e teclados (com eventuais solos de guitarra), e parido em condições ideais de assepsia em estúdios californianos. Pondo para escanteio o jargão: é o som de Christopher Cross, Doobie Brothers, Steely Dan, Alessi Brothers, Gino Vanelli (e os correspondentes brasileiros Rita Lee, Guilherme Arantes e Lincoln Olivetti), que até hoje pode ser ouvido na programação congelada no tempo das light FMs.
— Isso aparece na minha música desde sempre — conta Ed. — Uma coisa que eu achava curiosa nos dois discos “Manual prático” (o “Manual prático para festas e afins”, de 1997, e “As segundas intenções do manual prático”, de 2000) e no “Poptical” (de 2003) é que as edições japonesas vieram classificadas como “AOR”. Tinha uma música já no primeiro “Manual”, “Por você ser mais”, que era completamente influenciada pelo Christopher Cross. E outras coisas que eu fiz dialogavam com esse universo, que sempre foi um pouco “underrated” (subestimado). Só não sabia que o nome disso era “AOR”.
Depois de um disco instrumental de free jazz (”Aystelum”, de 2005), outro de estranho rock em inglês (“Chapter 9”, de 2008) e um equivocado “Piquenique” (“Era um disco muito eletrônico, eu tentei fazer uma coisa 100% modernizada”, analisa), Ed Motta vê “AOR” como uma reconexão com o seu melhor passado, de canções sofisticadas que tocavam no rádio.
— Essa ideia do “AOR” entrou no disco como uma brincadeira estética. Esse não é o formato das grandes rádios, ele atinge o público adulto-contemporâneo. Eu quero tocar na rádio adulta, quero fazer show num lugar adulto, não quero tocar num festival, deixa a garotada fazer isso, que tá legal — diz um Ed sarcástico e “mais ranzinza do que nunca”. — Idade por idade, esteticamente eu até prefiro ter 40 anos. Eu nunca quis ser jovem, a cultura do jovem nunca foi o meu negócio. Eu não tinha amigos da minha idade, eu não ouvia a música da minha época. Ser jovem sempre foi algo errado para mim.


O precoce Ed Motta, no entanto, não se viu livre de problemas típicos da adolescência. Há cerca de dois anos, foram reproduzidos na imprensa alguns comentários nada elogiosos que ele fez, de forma brincalhona/virulenta, em sua página no Facebook sobre alguns artistas da MPB. A situação, que já não era boa para ele nas esferas profissional (poucos shows com banda, discos que não tocavam nas rádios) e particular (estava separado da mulher, Edna Lopes, com quem voltou a viver há um ano), ainda iria piorar com a repercussão das suas declarações.
— Eu comi o pão que o diabo amassou por causa daquilo ali, faltou comida na minha casa. Shows cancelados, condomínio sem ser pago, eu fiquei mal. Desde então, ficou parecendo que eu sou o cara que fala umas coisas meio erradas — conta o cantor. — Ainda bem que a gente pode brigar no Facebook, porque aí não vai brigar no mano a mano. As pessoas me agridem, eu agrido de volta. Eu tava errado, eu tava brincando, e aquilo me prejudicou pra cacete.
Mágoas, ficaram várias. E ele as exorcizou na última faixa de “AOR”, “A engrenagem”, música em que preferiu deixar de lado os préstimos dos letristas que trabalharam no disco (Rita Lee, Adriana Calcanhotto, Chico Amaral e a mulher, Edna) e resolveu escrever sua primeira letra. Os versos são bem claros: “Não foi nada de mais/ repetia tudo sem ter medo/ não foi nada de mais/ ficou tarde, eu sei/ pra rir outra vez”
— Quando comecei a tocar a música, esbocei um negócio e pensei: Não é o Leonard Cohen, mas, estragando a música, não está — brinca o cantor, que se demorou bastante na produção de “AOR”. — Levou um tempão até que eu conseguisse fazer arranjos para as músicas, buscando as camadas de harmonização, duas guitarras e dois pianos, cada um fazendo um negócio... Um cara que é abastado tecnicamente faz isso de hoje para amanhã. O David Foster, o Lincoln Olivetti, eles fazem isso brincando. Pra mim, isso é uma tapeçaria, um trabalho chinês.
Um trabalho terapêutico
— Quando eu estou fazendo o que tenho que fazer, que é a minha música, fica tudo melhor. Eu consigo aceitar com mais condescendência aquilo com que eu não concordo.
Depois de passagens pelas gravadoras Warner, Universal Music e Trama, Ed Motta estreia no mercado independente com “AOR”: o disco foi gravado por seu próprio selo, o Dwitza Music, e está sendo prensado e distribuído pela Lab 344. Amanhã, começa a venda digital do álbum, pelo iTunes. A versão física chega às lojas no dia 23.
— O Dwitza já existe há um tempão, só agora que eu estou colocando esse nome na frente. Quem sabe assim eu possa transformá-lo num pequeno selo para lançar outras pessoas, outros projetos. Tenho pretensão de crescimento — diz.
A nova forma de trabalho, longe das preocupações com diretores de gravadoras, tem agradado a Ed Motta. Principalmente por causa dos resultados alcançados no disco.
— Este é o meu disco mais bem gravado. A gente gastava no mínimo uma semana por música. É um tempo inexistente hoje, no mercado de música brasileira, mesmo com pessoas que têm estúdio em casa. Gravar discos é o que me dá mais prazer de fazer.
Em “AOR”, Ed teve a oportunidade de realizar um velho sonho: gravar com o guitarrista americano David T. Walker (na faixa “Ondas sonoras”), algo que ele planejava desde 1994, quando foi para os EUA fazer um disco que nunca saiu.
— Foi tudo simples, via internet. Eu mandei um e-mail dizendo que o queria muito em alguma faixa, mas não sabia com o quê — conta o cantor.
Outras das “participações especiais” (termo que Ed abomina) de “AOR” são as do guitarrista Jean Paul Maunik, do grupo inglês de acid jazz Incognito (em “Marta”) e de Dante Spinetta, filho do finado astro do rock argentino Luis Alberto Spinetta e líder do grupo Illya Kuriaki and The Valderramas (ele faz um rap na faixa “Latido”, que tem letra em espanhol). Não por acaso: os públicos argentino e chileno têm sido receptivos ao trabalho de Ed nos últimos anos.
— Em Buenos Aires, eu consigo tocar duas noites seguidas. No Rio, só uma — resume.
Numa versão em inglês (com letras que nada têm a ver com as em português, feitas por Rob Gallagher, vocalista do Galliano, outro grupo inglês do acid jazz), “AOR” será lançado em junho na Europa (em CD, vinil e mp3), pelo selo alemão Menbran. Desde “Aystelum” Ed não tinha um disco lançado no Velho Continente. Sua intenção é divulgar o lançamento com uma turnê europeia no fim do ano.
— Mesmo comigo afastado há um tempão, os caras têm aquele respeito em barris de carvalho — metaforiza Ed — Não vou à Europa desde 2005, fiquei um tempo com medo de avião, não conseguia nem pegar uma ponte aérea. Cancelei turnês por causa disso.
Para os shows de “AOR”, Ed Motta pretende aposentar o formato solo voz-e-piano-ou-violão, mais constante nos últimos anos, e montar uma banda só com instrumentistas jovens, iniciantes no mercado.
— Boa parte dos músicos que tocaram no meu disco trabalha com outros artistas. Artistas “first call”. O que eu não sou — resigna-se.

SILVIO ESSINGER 
O Globo

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