terça-feira, 2 de abril de 2013

MÚSICA: Do mangue ao transe

Semente de Vulcão, Caapora, Anjo Gabriel, Feiticeiro Julião, Tagore, Quarto Astral e Dunas do Barato têm se destacado no cenário local com resgate do udigrúde


Uma nova cena de músicos recifenses vem chamando bastante atenção desde o final de 2011. São jovens que abandonaram a sombra do manguebeat e mergulharam de cabeça no udigrúdi e no desbunde da década de 1970. Nomes como Semente de Vulcão, Caapora, Anjo Gabriel, Feiticeiro Julião, Tagore, Quarto Astral e Dunas do Barato têm suas músicas marcadas por distorções de guitarra, improvisos, misturas de sonoridades e temáticas que buscam a transcendência. Da Dunas, JuveNil Silva (assim com o “N” em maiúscula mesmo, para acentuar a sua paixão pelo vinil) alcançou especial projeção nos últimos meses, com o trabalho solo “Desapego”, lançado no início de 2013.

A banda Dunas do Barato é um dos grupos que têm chamado a atenção para o cenário reconfigurado

Dos discos de Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Jorge Mautner, Pink Floyd, Beatles, Mutantes, Lula Côrtes e Ave Sangria que ele ouvia no subúrbio de Dois Irmãos vieram as influências que podem ser notadas na psicodelia das dez faixas autorais que formam o álbum. Além dos riffs primorosos e das longas introduções, é preciso prestar atenção às letras choramingadas pelo pernambucano, com seu sotaque marcante. Músicas como “Hitchcock rock”, “Pomba Gira violeta”, “You’re not alone”, “Meu freewheelin do Bob Dylan” e “De volta para o futuro em Recife” revelam a vasta bagagem cultural de JuveNil e deixam claro: “Desapego” é uma viagem - em uma Kombi colorida. 

 INGRID MELO, da Folha de Pernambuco

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