Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 21 de abril de 2013

Música: Compositores que são cria das rodas de samba lançam boa safra de CDs

Raul Di Caprio, Renato da Rocinha, João Martins e outros mostram que renovação do gênero já não tem como foco os palcos da Lapa


Na foto, da esquerda para a direita, em pé, Juninho Thybau, Alexandre Nunes, Leo Russo, Renato Milagres e Renato da Rocinha. Sentados Di Caprio, Inácio Rios e João Martins.
Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Na foto, da esquerda para a direita, em pé, Juninho Thybau, Alexandre Nunes, Leo Russo, Renato Milagres e Renato da Rocinha. Sentados Di Caprio, Inácio Rios e João Martins. Ana Branco / Agência O Globo


 RIO - Um dia, o menino Raul, no auge de seus 10 anos, chutou mal uma bola e não machucou o dedo, mas teve que buscá-la do outro lado do muro da quadra do tradicional bloco Cacique de Ramos. Quando atravessou o portão, entre o medo e a desconfiança, se deparou com uma roda na qual os sambistas cantavam bonito, marcavam o ritmo na palma da mão, nos repiques e tantãs. Mas, em vez de ouvir uma bronca ou ver seu brinquedo destruído, foi convidado por Renatinho Partideiro, craque dos versos de improviso, a ficar sentadinho ali, vendo tudo. De Renatinho ganhou também o apelido de Di Caprio, pela sua maneira caprichada de se vestir. A partir daí, abraçou a carreira de sambista. Hoje Raul Di Caprio é um dos compositores mais gravados de uma geração de artistas que, como ele, são crias das rodas da cidade, parceiros entre si, e que estão lançando agora uma representativa safra de CDs repletos de canções autorais. Com histórias e formações diferentes, Di Caprio, assim como Renato Milagres, Renato da Rocinha, Juninho Thybau, Léo Russo, João Martins, Inácio Rios e Alexandre Nunes mostram que a renovação do samba já não tem como foco os palcos da badalada e cansada Lapa, mas sim as rodas de samba.


— A minha experiência no Cacique foi importante, mas fundamental foi o surgimento das rodas do Beco do Rato, na Lapa, e da Pedra do Sal, na Praça Mauá. Ali havia uma onda de se mostrar sambas novos. Comecei a compor sem parar, para nunca repetir um samba — conta Di Caprio, que se defende trabalhando como chaveiro em Olaria, onde nasceu.
Famílias de bambas
Parceiro de Di Caprio em “Lendas da mata”, sucesso das rodas, João Martins é filho de Wanderson Martins, um dos mais renomados cavaquinistas do samba. Ele cresceu vendo circular por sua casa bambas como Wilson Moreira e Monarco, mas demorou para se envolver com a música.
— Eu me criei em rodas de calçada, tocando em barraca de cachorro-quente, aniversários. A partir daí me aventurei pela composição — lembra Martins, que há oito anos participa da roda dos sábados do Clube Renascença e lançou recentemente seu segundo disco, “Receita para amar”, com parceiros como Dona Ivone Lara e Moacyr Luz e contemporâneos como Inácio Rios.
Filho do lendário Zé Katimba, Rios definiu muito cedo o que queria da vida. Aos 8 anos acompanhou o pai numa faixa de um disco produzido por Rildo Hora sobre a Imperatriz Leopoldinense; aos 12, tocava no Butiquim do Martinho; dois anos depois estava na banda do próprio Martinho, substituindo Mart’nália no coro; em 2005, aos 19, tornou-se o mais jovem ganhador de samba-enredo, na Mocidade. Atualmente, toca na banda de Jorge Aragão e pode ser visto aos domingos no comando da roda da Toca da Gamba, em Niterói.
— A roda é o momento mais importante do sambista. Quando ele canta uma música inédita e ela cai na boca do povo, o público passa a ser o difusor — conta Inácio, que está com “Agulha de marear” na fábrica. O disco é autoral e conta com participações de Mart’nália e Diogo Nogueira. A capa foi desenhada por Elifas Andreato para um LP de Paulinho da Viola; não foi aproveitada, e, restaurada, embala a nova obra.
Já Alexandre Nunes começou tarde no samba. Crescera ouvindo Jamelão, Martinho da Vila e Clara Nunes, mas só aos 24 anos resolveu tocar cavaquinho, influenciado pelo Fundo de Quintal. Passou a frequentar rodas como as do Candongueiro, em Pendotiba, do Cacique e do Samba da Beltrão, em Niterói. Mas a virada em sua vida aconteceu em 2005, quando foi substituir Alessandro Cardozo no pagode que Luiz Carlos da Vila organizava na Vila da Penha.
— Ele me convidou para fazer parte da roda, e lá conheci o Moacyr Luz, com quem trabalho hoje no Renascença. Essa vivência da roda é fundamental para o sambista — conta Nunes, também conhecido como Marmita, que lançou em 2012 “Minha filosofia”. — Tocar no Samba do Trabalhador é fazer parte de um projeto que ficará na História.
Renato Milagres e Juninho Thybau podem até tentar disfarçar, mas o andar, o modo de cantar e até o de falar entregam os dois sobrinhos de Zeca Pagodinho. Milagres criou um grupo de pagode para um trabalho escolar, gostou do assunto e, através do cavaquinista Carlinhos Doutor, se aventurou pelas rodas, até criar a sua, aos sábados, no Renascença. Já Thybau, filho do compositor Beto Gago e um dos autores do sucesso de Diogo Nogueira “A vitória demora mas vem”, confessa que sonhava ser jogador de futebol, mas que o chamado “das ruas, da noite” foi mais convincente.
— Ai veio a inspiração, a paixão pelo partido alto. Tenho como lema uma frase do Beto Sem Braço: “Você pode prender o poeta, mas não pode prender a poesia” — diz Thybau, também com o disco saindo do forno, produzido por Alceu Maia e com parcerias com Nei Lopes, Fred Camacho e o Trio Calafrio.
Já Renato da Rocinha e Léo Russo têm trajetórias totalmente diferentes. Renato, como o nome diz, é cria da comunidade-cidade de São Conrado e começou a cantar depois de anos atuando como locutor da rádio local. Filho de sambistas, ele se prepara para lançar o seu segundo CD, “Moleque bom”, em julho. Para ele, o samba, se tivesse cara, seria a de Almir Guineto.
— Sou fã dos mestres, mas tenho orgulho de pertencer a essa geração. Sou fã do Inácio, do João Martins, dessa turma que faz a roda do samba girar — conta Renato, que comanda o Samba de Boteco, aos sábados, em Jacarepaguá.
Bênçãos de Rildo e Beth
Já Léo Russo se diz um “sambista de apartamento”.
— Meu pai tinha um bar em que só tocava Martinho e Zeca. Aos sete anos pedi um disco de samba para minha mãe e ela veio com “Deixa clarear”, do Zeca. Ali conheci Monarco e Alcides Malandro Histórico. Daí para João Nogueira e Roberto Ribeiro foi um pulo.
Depois do disco, Russo ganhou um cavaquinho, passou a compor e a cantar e, há dois anos, aos 21, venceu o concurso de Novos Talentos do Carioca da Gema. E ainda convenceu Rildo Hora a produzir seu primeiro disco, que leva seu nome e deve ser lançado em julho. Rildo virou parceiro e trouxe um time de feras para o estúdio: Beth Carvalho cantou e sugeriu que “Mutirão de amor” abrisse o disco; o ex-jogador Junior participou com seu pandeiro; Diogo Nogueira, Velha Guarda da Portela e Dudu Nobre também dividiram faixas. A roda, onde sempre se preservou a memória oral do gênero, é o espaço de convivência em que uns se divertem, outros ganham o pão e, principalmente, onde surgem espontaneamente sambas que atravessam o tempo.

JOÃO PIMENTEL
O globo

Um comentário:

  1. Não sei ... sou pequena de mais mas poxa queria tanto escrever uma música mas não sei como fazer isso :p

    ResponderExcluir