segunda-feira, 29 de abril de 2013

Luto: Personalidades lamentam a morte de Paulo Vanzolini

Autor de 'Ronda' e 'Volta por cima' morreu nesta segunda-feira, aos 89 anos, vítima de pneumonia

O zoólogo e compositor Paulo Vanzolini Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo
RIO - Ícone do samba paulista e cientista respeitado internacionalmente, Paulo Vazolini era um homem de muitas facetas. Autor de mais de 70 canções e 150 artigos acadêmicos, alcançou reconhecimento nas duas áreas, embora se visse antes zóologo do que compositor. Modesto, fazia questão de dizer que a música era apenas um “hobby”.
— Paulo era fundamentalmente um zoólogo, fazia questão de deixar isso claro — diz o cineasta Ricardo Dias, ex-aluno de Vazolini e que registrou sua vida no documentário “Um homem de moral”. — Música ele fazia para encher o tempo, exercitar a memória, fazer exercícios linguísticos... Ele era antes de mais nada um cientista.
Após virar diretor do Globo Ciência, Ricardo Dias acompanhou Vanzolini na Amazônia, onde o compositor e o cineasta se tornaram amigos. Dali saíram três documentários: o curta metragem “Os calangos do Boiaçu” e os longas “No rio das amazonas”, sobre a viagem dos dois, e “Um homem de moral”, o primeiro a abordar a faceta de compositor.
— Foi uma pessoa muito importante pra mim, me marcou profundamente — comenta Dias. — Era uma pessoa especializada em cultura brasileira, de uma geração de grandes pensadores da cultura do país. A zoologia o levou a conhecer o Brasil.
Amigo de longa data de Sérgio Buarque de Hollanda, Vanzolini conheceu os irmãos Chico Buarque e Miúcha desde que eram pequenos. A amizade com a família Buarque de Hollanda iria continuar mesmo depois da morte do patriarca.
— O Paulinho viajava pelo interior do país para suas pesquisas científicas e aproveitava para pegar muita música desses lugares — lembra Miúcha. — Ele era um grande observador, tanto na ciência quanto na música. Era um grande contador de histórias, pegava essas histórias na noite e na boêmia. E também não tinha medo de entrar no mato, onde inclusive passou muito sufoco com onça.

O GLOBO

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