RIO - Ícone do samba paulista e
cientista respeitado internacionalmente, Paulo Vazolini era um homem de muitas
facetas. Autor de mais de 70 canções e 150 artigos acadêmicos, alcançou
reconhecimento nas duas áreas, embora se visse antes zóologo do que compositor.
Modesto, fazia questão de dizer que a música era apenas um “hobby”.
— Paulo era fundamentalmente um
zoólogo, fazia questão de deixar isso claro — diz o cineasta Ricardo Dias,
ex-aluno de Vazolini e que registrou sua vida no documentário “Um homem de
moral”. — Música ele fazia para encher o tempo, exercitar a memória, fazer
exercícios linguísticos... Ele era antes de mais nada um cientista.
Após virar diretor do Globo Ciência,
Ricardo Dias acompanhou Vanzolini na Amazônia, onde o compositor e o cineasta
se tornaram amigos. Dali saíram três documentários: o curta metragem “Os
calangos do Boiaçu” e os longas “No rio das amazonas”, sobre a viagem dos dois,
e “Um homem de moral”, o primeiro a abordar a faceta de compositor.
— Foi uma pessoa muito importante pra
mim, me marcou profundamente — comenta Dias. — Era uma pessoa especializada em cultura
brasileira, de uma geração de grandes pensadores da cultura do país. A zoologia
o levou a conhecer o Brasil.
Amigo de longa data de Sérgio Buarque
de Hollanda, Vanzolini conheceu os irmãos Chico Buarque e Miúcha desde que eram
pequenos. A amizade com a família Buarque de Hollanda iria continuar mesmo
depois da morte do patriarca.
— O Paulinho viajava pelo interior do
país para suas pesquisas científicas e aproveitava para pegar muita música
desses lugares — lembra Miúcha. — Ele era um grande observador, tanto na
ciência quanto na música. Era um grande contador de histórias, pegava essas
histórias na noite e na boêmia. E também não tinha medo de entrar no mato, onde
inclusive passou muito sufoco com onça.
O GLOBO
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