terça-feira, 2 de abril de 2013

LITERATURA DE CORDEL: "Guia de auto-ajuda para quem quer parar de beber



"GUIA DE AUTO-AJUDA PRA QUEM QUER PARAR DE BEBER
Autor - Vanilson De Souza Silva (Cabeção)


Sei que já faz um tempão
Que eu parei de beber
Nunca mais senti o cheiro
E nem quero nem saber
A danada faz um mal
Que até o hospital
Tenho medo até de ver

Passei um mês internado
Só por causa da cachaça
Até mesmo o doutor
Só pra me fazer pirraça
E também curar meu tédio
Ele trazia o remédio
Balançando em uma taça

Agora não tem mais jeito
A solução foi parar
Não posso tomar mais uma
Se eu quiser melhorar
Vou lhes contar um segredo
Me fizeram tanto medo
Que peguei medo de bar

Eu vou contar um pouquinho
Das canas que eu tomava
A mulher que fosse feia
Mais bonita eu achava
Chegava a casa melado
Ia dormir vomitado
E no outro dia nem lembrava

Lembro uma vez que chamei
Uma garota pra dançar
Seu noivo grito de longe...
Se prepare pra apanhar
Eu pensando... É uma molesta
Nem mal começou a festa
E lá vai eu me encrencar

Bebia cana fiado
Em quase todo lugar
Só queria entrar em festa
Sem dinheiro pra pagar
E ainda exigia
A bebida que queria
Pros amigos ir comprar





No tempo do carnaval
Ai era que eu bebia
Passava um mês na manguaça
E quase nada eu comia
No final dava a macaca
Eu morrendo de ressaca
E mamãe de agonia

No tempo do futebol
Eu só jogava bebão
Eu briguei com o juiz
por causa de um cartão
E no final daquela briga
Fui encher minha barriga
De cachaça com limão

Festa em cidades vizinhas
Nunca perdi a primeira
Arruma alguns trocados
Caia na bagaceira
Nunca tirei nenhum sarro
No final perdia o carro
Os amigos e a carteira

Wisque com red bull
Uma caninha com limão
Um runzinho com coca cola
Ou uma dose de alcatrão
Quando terminava a coca
O tira era uma pipoca
Uma maga, ou mesmo um pão

Minha vida de pinguço
Eu quero deixar pra trás
Vou voltar pra minha igreja
Pra viver a vida em paz
E dizer pros cus-de-cana
a malvada nos engana
De cana não morro mais

Deixei de ser cu-de-cana
Hoje sou um vencedor
Arrumei um bom emprego
Sou um homem de valor
Quem quiser ser meu amigo
Vá escutando o que digo
Cachaça só trais a dor

Quanta gente já morreu
Devido a tal cirrose
Se não quiser morrer cedo
Evite a primeira Dose
E pra o que for fumante
Pare agora neste estante
Pra não ter uma necrose

Hoje sei que sou feliz
Só que antes não sabia
Eu pensei que a cachaça
Quem tomava não morria
Eu sei o mal que faz
De Cana Não morro mais
Me curei desta agonia

A pobre da minha mãe
Sofria com minha cana
minha cana era contada
Sete dias da semana
A pobre se mal tratando
Chorando se acabando
E eu bebendo de sacana

Agradeço a minha mãe
por mim tirar desta vida
e também por aguentar
Minha cachaça perdida
Hoje fiz uma promessa
O álcool não me interessa
Só mesmo mamãe querida

Aquela que tomar cana
E se acha valentão
O que só pensa em brigar
Só vive de confusão
Eu vou dizer pra você
Quem briga sem ter porquê
Termina só em caixão

Quem se acha gostosão
Pensa ser o pegador
Mulher não gosta de cana
E de bêbado tem pavor
Então deixe a bebedeira
para com esta besteira
Pois o álcool é sem valor

Estava esquecendo de um
Me lembrei neste segundo
Aquele que quando bebe
Pensa ser dono do mundo
Esse ai não me convêm
Pois a grana que ele têm
Não da pra limpar o fundo

Eu falei tanto de cana
Que até peguei no sono
Se esquecendo que meu verso
Passou do decimo nono
Só falei no masculino
Agora pro feminino
"Cu de bêbado não tem dono"

A mulher também é vitima
Da cachaça minha gente
Não é somente os homens
Que diz que é mais valente
A mulher embriafada
Quando entra na porrada
Caem cabelo, unha, e dente

Oh coisa pra fazer pena
É uma mulher ruendo
Ela chega no barzinho
Passa a noite ali bebendo
Os olhos da cor de brasa
Mais ela só vai pra casa
Quando o dia vem nascendo

Sai de tamancos na mão
A roupa toda engilhada
Aos tombos, cambaleando
A cara desmaquiada
Sem ter rumo vai embora
Rir aqui, e ali chora
Sem consciência de nada

Como já diz o ditado
É um perigo constante
A mulher embriagada
Sem enxergar no volante
Quando não bate em alguém
A polícia logo vem
E lhe prende num instante

Então vou dizer agora
Pra quem o vicio domina
Quem não aprender aqui
O mundo também ensina
Que sua consciência exija
Se Beber nunca dirija
Carro e bêbado não combina

Vou fazer meu paradeiro
Já cumpri com meu dever
Peço encarecidamente
Pra quem este livro ler
Preste muita atenção
Pois contei de coração
Como parei de beber."

Autor: Vanilson Cabeção
Poeta Egipciense








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