quarta-feira, 24 de abril de 2013

Poesia: Pedro Torres, poeta literário



Rancor


Vis palavras que cortam qual navalha
Na garganta profunda de um ser vivo
Todo sangue que jorra sem motivo
Causa pranto, também, ao que gargalha

Trago as marcas inócuas da batalha
Que travei com as minhas próprias dores
Mas, jardim de meus sonhos já sem flores
Não perfuma na vida de um canalha

Tantas voltas se dão nessa retunda
Que estas ondas sutis com que me inunda
São marolas, se quebram no arrecife

No silêncio refaço o meu protesto
Que até falo da vida de um honesto
Mas, não sei dizer nada de um patife

Pedro Torres

 

 

Tempo frio.


Nos retalhos dos versos que te fiz
Tão tecidos de rimas no improviso
Toda a paz que eu tantorealizo
No abraço sincero que me diz
Com teus olhos me beija e faz feliz
Pro borrifo espraiado da paixão
Pra batida veloz do coração
Sem ter força maior na natureza
Perfumados com toda singeleza
"Se acalmando depois da explosão"

Faz de mim um tantinho da emoção
Com que coses a rima da poesia
Dá-me um beijo com toda a fantasia
Desses bosques de amor do coração
Traz-me o encanto bonito da paixão
Pros meus olhos sorrirem de desejo
Tanto tempo já faz que não te vejo
Que a saudade batendo me maltrata
Me machuca, ferindo, mas não mata
Na certeza maior desse teu beijo

Vem cuidar do meu pobre coração
Que sozinho congela de saudade
Me preenche o vazio de vontade
Vai embora depois sem ter perdão
Traz de novo pra minha solidão
Todos sonhos que a gente teve outrora
Que o meu peito sorrindo ainda chora
Pela falta que sente do carinho
E do beijo que davas bem cedinho
No primeiro sinal da nossa aurora

Vem! Me mata de amor devagarinho
"Mas, que pressa que tens de me matar?!"
Deixa um pouco de mim nesse lugar
Não desforra o chão do nosso ninho
Sinto o gosto do beijo, no cantinho
Do sorriso mais cínico de tua boca
Minha voz de gritar-te fica rouca
De vontade, de sede e de desejo
E não para jamais de me dar beijo
Pois, senão minha alma fica oca

Pedro Torres 


Fonte: Decanto de poetas

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