Quando concebeu a encenação da
“Paixão de Cristo” no pequeno distrito de Fazenda Nova, no Agreste
pernambucano, Plínio Pacheco provavelmente não tinha ideia das proporções que
sua ideia ganharia. O projeto era ambicioso: construir um teatro ao ar livre onde
seria encenada a história católica que narra as últimas horas de vida de Jesus
Cristo - sua crucificação e a posterior ressurreição. Deu tão certo que a
montagem chega, este ano, à 45ª temporada ininterrupta.
Quando se fala na “Paixão de Cristo de Nova
Jerusalém”, é preciso pensar em superlativos: maior teatro ao ar livre do
mundo, média de 70 mil espectadores por ano, cerca de 900 profissionais envolvidos
no espetáculo, citando apenas alguns exemplos. E foi justamente com o espírito
de movimentar a economia da região que surgiu o “protótipo” da encenação,
quando o político Epaminondas Mendonça, inspirado na tradição europeia de
reproduzir a passagem bíblica da Paixão, passou a montar o Drama do Calvário
nas ruas de Fazenda Nova.
Uma superprodução, o espetáculo atrai
não só cristãos, proporcionando antes de tudo uma experiência singular no que
diz respeito ao consumo tradicional de teatro. Se no início o projeto contava
apenas com a participação de parentes e amigos do político, com a maior
profissionalização e repercussão do evento, cada vez mais artistas passaram a
se interessar pelo espetáculo. Hoje, globais são presença certa nos papéis de
destaque. Já passaram por Nova Jerusalém nomes como Susana Vieira, Luana
Piovani, Luciano Szafir e Eriberto Leão. Este ano, Marcos Pasquim interpretará
Herodes; Carol Castro (que substitui Isis Valverde), Maria Madalena; e Carlos
Casa Grande, Pilatos.
No entanto, mais uma vez, é um
pernambucano quem interpreta Jesus. Em 2012, José Barbosa quebrou o jejum que
já durava uma década sem um intérprete do Estado no papel principal do
espetáculo - opção bem recebida pelo público e pela crítica. Outra pernambucana,
Luciana Lyra, interpreta Maria.
Algumas novidades para as
apresentações deste ano são a renovação do figurino, a inclusão de novos
efeitos visuais e o aperfeiçoamento da política de acessibilidade dos
portadores de necessidades especiais. Na primeira apresentação da temporada,
haverá serviços de áudio-descrição e tradução em Libras. Visando o turista
internacional, o evento disponibilizará também equipamentos auditivos com a
tradução do espetáculo para o inglês.
Márcio Bastos, da Folha de Pernambuco
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