Não é o caso dos Headhunters, que
ainda transpiram o hipnótico DNA africano de seu homônimo disco de 1973, um dos
álbuns de jazz mais vendidos de todos os tempos. Foi uma reunião de titãs. Bill
Summers na percussão, Mike Clark, na bateria, Paul Jackson, no baixo, Bennie
Maupin, no sax. Apóstulos de Hancock e Miles Davis. Autores do evangelho das
fusões de jazz com a música de James Brown e Sly Stone. Ao vivo, a banda recria
suas faixas mais clássicas, entre o repertório mais recente. Watermelon Man,
com a histórica introdução assobiada em uma garrafa de vinho por Bill Summers,
foi recriada com a sagaz malemolência de outrora. A elegante figura rítmica que
anuncia Butterfly nos transportou para os idos do brilhante Thrust. Os
primeiros compassos de Sly convocaram os orixás. Mãe África se fez ouvir em
toda a dinâmica dos grooves de Headhunters.
No sábado, 23, o pianista Robert Glasper dividiu a noite com o sexteto do baixista brasileiro Marcus Paiva. Depois de composições meditativas e improvisos calcados na tradição modal por Paiva, Glasper subiu ao palco com sua banda The Robert Glasper Experiment, para mostrar uma versão moderna do que os Headhunters e outros começaram há quatro décadas. O saxofonista Casey Benjamin, ostentando um penteado que lembra o comediante Chris Tucker em o Quinto Elemento, cuida do elemento pop da banda, cantando através de um vocoder. Trata-se de um chavão de música eletrônica usado extensamente pelo músico. Em torno disto, Glasper e banda navegam por improvisos e pulsação funkeada. Vez ou outra, não é claro se o Experiment é uma banda de neo soul com frustradas aspirações jazzísticas, ou uma banda de jazz que nasceu para fazer r&b. A justaposição destes universos parece banalizada depois de quatro décadas. O grupo se dá melhor quando se desfaz da simplicidade pop e parte para o virtuosismo, assim como esboça talento quando não complica os grooves com floreios pianísticos.
Na quinta-feira, 21, o vibrafonista Roy Ayers, outro veterano, fez um comentado show. Na sexta, 22, o grupo italiano Calibre 35 abriu para os Headhunters, mostrando um ângulo sobrecarregado, com excesso de técnica e ausência de nuance, para o jazz funk.
Roberto Nascimento - O Estado de S.Paulo
No sábado, 23, o pianista Robert Glasper dividiu a noite com o sexteto do baixista brasileiro Marcus Paiva. Depois de composições meditativas e improvisos calcados na tradição modal por Paiva, Glasper subiu ao palco com sua banda The Robert Glasper Experiment, para mostrar uma versão moderna do que os Headhunters e outros começaram há quatro décadas. O saxofonista Casey Benjamin, ostentando um penteado que lembra o comediante Chris Tucker em o Quinto Elemento, cuida do elemento pop da banda, cantando através de um vocoder. Trata-se de um chavão de música eletrônica usado extensamente pelo músico. Em torno disto, Glasper e banda navegam por improvisos e pulsação funkeada. Vez ou outra, não é claro se o Experiment é uma banda de neo soul com frustradas aspirações jazzísticas, ou uma banda de jazz que nasceu para fazer r&b. A justaposição destes universos parece banalizada depois de quatro décadas. O grupo se dá melhor quando se desfaz da simplicidade pop e parte para o virtuosismo, assim como esboça talento quando não complica os grooves com floreios pianísticos.
Na quinta-feira, 21, o vibrafonista Roy Ayers, outro veterano, fez um comentado show. Na sexta, 22, o grupo italiano Calibre 35 abriu para os Headhunters, mostrando um ângulo sobrecarregado, com excesso de técnica e ausência de nuance, para o jazz funk.
Roberto Nascimento - O Estado de S.Paulo
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