'Rara voz masculina num país de cantoras. Num tempo em que a vulgaridade ganha destaque, era elegante'
Sua carreira ficou marcada pela série
de sete discos “Aquarela brasileira”, que gravou na Som Livre nos anos 1980 e
90. Ali, está o melhor do repertório nacional, sambas-enredos,
sambas-exaltação, clássicos de Dorival Caymmi a Cartola. Vendeu seis milhões de
cópias. Houve um tempo em que o “Aquarela brasileira” do ano era o presente
mais distribuído nos encontros de amigo oculto na época do Natal. Mas isso foi
na época em que ainda se vendia disco e um CD ainda era presente de Natal.
Emílio teve uma legião de seguidores
fiéis. Os sambas das “Aquarelas” eram regravações. Mas também teve seus
lançamentos de sucesso, como “Pelo amor de Deus”, de Paulo Debétio e Paulinho
Rezende, e “Saigon”, de Claudio Cartier, Paulo Feital e Carlão. As duas canções
eram uma espécie de assinatura de Emílio. Daquelas que quando começava a cantar
num show , o público inteiro fazia coro.
Além de talentoso, dono de um poderio
vocal evidente, de um timbre único e de uma afinação perfeita, Emílio era,
acima de tudo, um boa praça. Numa época em que a arte se mistura com exposição,
era discreto. Num tempo em que a vulgaridade ganha destaque, era elegante. Numa
indústria em que a música se confunde com obscenidade, manteve o bom gosto.
Pode-se discutir quem é o maior cantor do Brasil. Ed Motta, dono de outro
vozeirão, não tem dúvidas: “Emílio foi o maior cantor desse país”. Eu concordo
com Ed Motta. Mas o sentimento que me chega agora é o mesmo exposto por Fafá de
Belém nas redes sociais: “Que merda! Emílio partiu
ARTUR XEXÉO
o gLOBO
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