RIO - Eles nasceram nos anos 90, e têm idade para serem
netos de Caetano Veloso. Mas isso é uma besteira quando se trata de música e,
principalmente, quando se trata do artista baiano. O septuagenário Caetano
atravessou as décadas reunindo fãs entre as novas gerações, e se aproximou
ainda mais dessa gente bronzeada após lançar o primeiro dos três discos com a
banda Cê, em 2006. Uma multidão de rostos jovens vai lotar o Circo Voador na
série de três shows que o tropicalista faz a partir desta quinta.
- Minha paixão por ele nasceu em casa.
Meus pais são fãs e pesquisadores amantes da música popular brasileira -
explica Camilo Martins, de 22 anos, estudante de Gravura na Escola
Os shows no Circo são uma miniturnê de
despedida dessa fase de Caetano ao lado da banda Cê, formada pelo guitarrista
Pedro Sá, o baixista Ricardo Dias Gomes e o baterista Marcelo Callado. Todos
eles tinham menos de 30 anos quando começaram a tocar com o baiano. O trio
levou frescor à discografia do músico. Isso apertou ainda mais o nó que liga a
obra do artista às gerações recentes.
Mas nem precisava, afirma Marina
Amante, aluna de Engenharia de Produção na PUC-Rio de 19 anos que adorava “Leãozinho”. Ela cresceu
apaixonada não apenas por Caetano, mas também por outros nobres nativos de uma
época em que ela não estava perto de nascer.
- Minha mãe sempre foi fã, e cresci
ouvindo Caetano e também Roberto, Erasmo, Rita Lee, Novos Baianos, Elis Regina.
Izabella Soares, jornalista de 22 anos,
também divide com Marina a múltipla descoberta musical e o interesse especial
pela Tropicália:
- Sou apaixonada por Caê desde pequena,
por influência do meu pai. Cresci ouvindo sobre Tropicália, Bethânia, Gal e
Chico Buarque. Não foi difícil se apaixonar. Nasci, cresci e aprendi a
admirá-lo.
Outro apaixonado por Caetano é André
Ferreira, aluno de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF) de 22
anos que vê o legado do cantor como um diferencial em relação aos outros
artistas e à cultura brasileira. Para ele, “a música ganhou um viés combativo e
reflexivo. Além disso, sua história é linda! Admirável”. Marina acredita que
ele “sabe como ninguém representar o povo brasileiro”, e Camilo acha que esse é
um dos ingredientes da mistura com “voz da alma”. Izabella destaca quatro
elementos que o tornam tão Caê:
- Ele revolucionou a cultura brasileira
com seu jeito meio manso e sua fala cantada e ao mesmo tempo, sua ferocidade e
inteligência ao compor canções.
Os quatro jovens irão a algum show da
turnê “Abraçaço”, que começa nesta quinta-feira (21) no Circo Voador. Se
pudessem escolher o setlist ideal, em seus shows particulares não faltariam as
canções “Coração
vagabundo”, “Nosso estranho
amor”, “Odara”,
“O quereres”, “Oração ao tempo” e “Cajuína.
EVELYN SOARES
O globo
EVELYN SOARES
O globo
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