domingo, 7 de junho de 2015

MÚSICA: Como nascem as canções? Autor paranaense procura a resposta

Radialista Ruy Godinho já escreveu três livros sobre o assunto


Paul McCatney / divulgaçao

Paul McCatney

divulgaçao


Paul McCartney encontrava­-se, em 1965, em seu quarto, na casa da namorada Jane Asher, em Londres, acordou com uma melodia na cabeça. Acho que ela se aparecia com alguma que já ouvira. Consultou amigos, e ninguém se lembrou de nada parecido. Ainda cismado, ele registrou a melodia num gravador, e deu­lhe o título provisório de Scrambled eggs (Ovos mexidos). Foi assim que nasceu a canção, que completaria mais tarde no Algarve, em Portugal, rebatizada de Yesterday.

A gênese da canção é um assunto que interessa ao paranaense, radicado em Brasília, o radialista, produtor Ruy Godinho, que já está no terceiro volume da série Então, foi assim ­ Os bastidores da criação musical brasileira (Abravídeo, com patrocínios Bancorbrás, Sesc e Governo Federal). O livro pergunta e responde: Como surgiu determinada música? Asa morena, por exemplo, o maior sucesso da cantora paulista Zizi Possi, lançada em 1982, no álbum é composição de Zé Carapídia. José Luiz Fernandes é o nome de batismo de Zé Carapídia, o misterioso autor de Asa morena. Nem tão misterioso assim, para quem frequenta a boêmia de Porto Alegre, onde ele pode ser encontrado com o violão, fiel companheiro, disposto a mostrar outras composições que fez.

O "Carapídia", vem de "cara de piá", ou "cara de índio". "Quando a música estourou passou a ser de "Caradipiá", que os locutores de rádio chamavam de "Caradipia". "As pessoas me chamavam cara de pia porque desconheciam coisas do nosso folclore, da nossa linguagem. Aí eu botei o acento para diferenciar de cara de pia. Ficou Caradípia" , explica o autor. O Então foi assim também é nome de programa de rádio, na Rádio Nacional FM, de Brasília, e retransmitido para 220 emissoras país afora, no terceiro volume traz 44 canções e suas histórias. Na verdade, cada uma é também uma entrevista com o autor, que resume sua trajetória antes de chegar a música enfocada. Clube da esquina 2 (Lô Borges, Milton Nascimento e Márcio Borges), Cajuína (Caetano Veloso), Deixa a vida me levar (Serginho Meriti), Beijo partido (Toninho Horta), Vira virou (Kleiton e Kledir), Casa no campo (Tavito e Zé Rodrix), Caderno (Mutinho e Toquinho) e Telegrama (Zeca Baleiro) são algumas das canções que têm origens desvendadas no livro.



Nascem de uma paixão não correspondida, ou demasiadamente correspondida, do acaso (Vital Farias inspirou­se para fazer Saga da Amazônia de páginas soltas da extinta revista Realidade), ou simplesmente de episódios prosaicos, como aconteceu com o clássico do Carnaval brasileiro, a marchinha Cabeleira do Zezé, de João Roberto Kelly e Roberto Faissal.

José Teles
JCOnline

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