terça-feira, 2 de junho de 2015

CAIXA: Renato Teixeira tem discos da RCA relançados pela Sony Music

Dos cinco álbuns relançados, dois continuavam inéditos em CD


Renato Teixeira / Foto:  Carina Zaratin

Renato Teixeira

Foto: Carina Zaratin


Renato Teixeira, 70 anos (completados em 20 de maio), ganha da Sony Music a reedição dos discos gravados na antiga RCA. Renato Teixeira – obra completa na RCA de 1978 a 1982, abriga cinco álbuns, devidamente remasterizados, Romaria (1978), Amora (1979), Garapa (1980), Uma doce canção (1981) e Um brasileiro errante (1982). Esta é fase em que o cantor e compositor, nascido em Santos, e criado em Taubaté e Ubatuba (SP) marcou definitivamente seu terreno na música brasileira. Surgido no emblemático festival da Record, de 1967, quando Gal Costa defendeu sua Dadá Maria, Renato Teixeira, no ano seguinte, teve uma canção incluída no álbum O inimitável, de Roberto Carlos (A madrasta, com Beto Ruschel). O primeiro álbum, Maranhão e Renato Teixeira (1969, com selo O Jogral, também lendário bar da noite paulistana, do compositor Luis Carlos Paraná), foi dividido com Maranhão (autor do frevo Gabriela, sucesso do citado festival de 1967). Viriam em seguida dois LPs só dele, Álbum de família (Marcus Pereira, 1971), e Paisagem (1973, Phillips).

Mas o sucesso só lhe bafejou quando Elis Regina gravou Romaria, em 1977. Na época ele integrava o Grupo Água (com Dudu Portes, Márcio Muniz, e Rodolfo Grani), que tocou na gravação de Elis. No ano seguinte estreou na RCA com Romaria, e fez o Brasil o conhecer em sua própria Romaria. Arraial, faixa deste álbum, foi também gravada por Elis. O disco abre com a contagiante Vira (no meu quintal), com destaque para a sanfona de Caçulinha. Amora, o disco seguinte também teve música em novela global, Cabocla, exatamente a música que batiza o álbum. Cavalo bravo, Mato dentro e Sina de violeiro, foram as canções mais conhecidas do álbum. A reedição traz três faixas extras. Minha triste casa grande é lado B do compacto com Cavalo bravo, Murro n’água, sobra das sessões originais de Amora, continuava inédita. Por fim, Frete, é uma da canções mais conhecida de Renato Teixeira, tema da série global Carga pesada.



Garapa, de 1980, é um dos discos menos conhecidos de Teixeira, e somente agora chega ao CD. As faixas Garapa e Vida malvada se destacaram por entrar em compilações. O disco vem com uma faixa bônus, Terumi, que seria lançada em 1986, quando ele já não era mais contratado da RCA, no álbum Renato Teixeira (3M). A versão neste disco é a original, até aqui inédita. Autor de criar letra e música sem parceiros, em seu quarto disco, Uma doce canção, Renato Teixeira assina duas faixas com o garanhuense Dominguinhos, uma delas obrigatória no repertório de ambos, Amizade sincera. Outra parceria dos dois é a menos conhecida Pássaro humano. Ambas tem a sanfona de Dominguinhos. Amizade sincera, que batizou o recente projeto de Teixeira com Sérgio Reis, conquistou o público pela qualidade, já que a música divulgada do álbum foi O maior mistério, que entrou na trilha da novela da TV Globo, O amor é nosso (1981). O sertanejo neste disco já admite guitarra elétrica, logo na faixa de abertura, a música título. Sócrates, o craque da seleção e do Corinthians, participa da faixa Vicente.

Um brasileiro errante (a canção homônima, uma das faixas, é versão de uma música tradicional canadense), o disco que fecha a fase RCA de Renato Teixeira, também inédito em CD, tem capa de Elifas Andreato, e abre com um country, Tutu com torresmo, com guitarra de Nathan Marques, e teclados de César Camargo Mariano. É o álbum que mais se distancia do universo rural que permeia a música de Teixeira. Universo que, no entanto, permanece nas letras, e destoa dos timbres dos teclados, embora fossem o moderno da época.
César Camargo Mariano fez a direção artística, e os arranjos, e cobriu de camadas de teclados, a música de sabor sertanejo de Renato Teixeira. Mistura às vezes indigesta. O baião Bonito demais, parceria com Dominguinhos, por exemplo, perde-se no glacê excessivo de teclados, num arranjo que aparece mais do que a canção. A maioria das faixas soa datada. Irmãos da lua,que encerra o disco ainda ostenta um coro, em uníssono, chato e inteiramente dispensável.

José Teles
JConline

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