terça-feira, 2 de abril de 2019

Poesia: "Final de seca", um poema de Antônio Nunes


A imagem pode conter: árvore, céu, ar livre, natureza e água
Fotografia de Bernardo Sousa (Bisaco do Doido)

FINAL DA SECA
 
As barragens estão cheias
Os açudes transbordando
Onde tinha alguém chorando
Passeia o prazer nas veias
Corre água nas areias
Dos riachos da nascente
E a fome foi na enchente
Que a correnteza levou
O fim da seca chegou
Salvando o Sertão carente

No roçado a plantação
Dá os primeiros sinais
A abelha nos florais
Faz a polinização
Volta a cantar o carão
Comemorando a enchente
E um jegue velho e doente
Bebeu água e melhorou
O fim da seca chegou
Salvando o Sertão carente

Já tem jerimum vingando
O feijão verde surgindo
O maracujá abrindo
Uma flor nova brotando
A floresta festejando
Ficou verde de repente
E na vereda a serpente
Come o que o dente matou
O fim da seca chegou
Salvando o Sertão carente

Na vaca um bezerro mama
Passa a fome do bezerro
E na beirada de um aterro
Desce a enchente de lama
O vem-vem na mata chama
Dizendo a noiva o que sente
Quer namorar novamente
E foi por isso que cantou
O fim da seca chegou
Salvando o Sertão carente

No Rio desce a esteira
Dos borbotões da corrente
"Na medida da enchente
Que fez o Fura barreira"
O sol apaga a lareira
Se deitando no poente
Parecendo de repente
Que a brasa dele apagou
O fim da seca chegou
Salvando o Sertão carente.

Antônio Nunes

“Poeta de Itapetim-PE.”
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, barba, óculos graduados e closeup

CANTIGAS E CANTOS

Um comentário:

  1. como meu pai é poeta adorei esse site e gostaria muito de postar no site um trabalho do meu pai com o tema:
    como é que se prende um passarinho,
    sem matar sem roubar sem fazer nada. trabalho dele

    ResponderExcluir