EU CANTADOR
A patativa de gola,
O colibri sem gaiola,
Que, além da humanidade,
Faz da garganta um piano,
Para, nas verdes ramagens,
Compor em versos selvagens,
As valsas da liberdade.
Sempre foi minha irmã gêmea…
Eu, o boêmio cantor.
Ela, cantando nos bosques,
Eu, nos sertões ressequidos,
Transformo feios gemidos
Em liras puras de amor.
Sou caboclo das mãos grossas.
Transformo humildes palhoças
Em bonitos pavilhões.
Meu pinho, quando soluça,
Estáticas, fulminadas
Por circuitos de emoções.
Da maneira como canto,
Sem incomodar-me tanto,
Com fortunas obtusas,
E fazer d’alma um refúgio
Para as ninfas virtuosas,
Do peito um berço de rosas
Para o repouso das musas.
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