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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Poesia: "Minha meninice", um poema de João Batista de Siqueira "Cancão"


MINHA MENINICE

Foi-se meu tempo de flores
A data da inocência
Dos primeiros resplendores
Do sol da minha existência
Meu palacete dourado
Puramente bafejado
Das brisas celestiais
Felizes dias risonhos
Foram ilusões, foram sonhos
Que ao despertar não vi mais

Estórias de belas vindas
De príncipes, reinos e fadas
Atrás de princesas lindas
Que ainda estão encantadas
Depois da hora da ceia
Ia saltar sobre a areia
Logo que a lua surgia
Sentia a má impressão
Olhando a sombra no chão
Fazendo o que eu fazia

A fereza do chacal
Estórias da minha avó
As lendas de um animal
Que tinha uma perna só
De outras feras estranhas
Criadas lá nas montanhas
Que vinham sem paradeiro
Em tudo eu acreditava
E aquela noite passava
Sem sair mais no terreiro

Ora com meu currupio
Ora empurrando meu carro
Seguia em busca do rio
Pra fazer bicho de barro
Na fronde dos ingazeiros
Passava dias inteiros
Em um balanço seguido
O meu pião de bom nome
Bastava só esse nome
Para ser mais garantido

Vi as estrelas aos pares
Umas as outras unidas
Julgava ser luminares
De crianças falecidas
Pensava que os pirilampos
Fossem faíscas nos campos
Que vinham lá do penedo
Se a mãe-da-lua gritava
Eu muitas vezes ficava
Quase tremendo de medo

As borboletas ligeiras
Que eu tanto perseguia
Nos ramos das goiabeiras
Todas manhãs que chovia
Com meu bodoque afamado
De canela de veado
Que um dia eu mesmo fiz
Me julgava o mais capaz
Debaixo dos braunais
Na caça dos bem-te-vis

Estórias de um lobisomem
Que à noite vinha do mato
Na formatura de um homem
Tendo a cabeça de gato
Mais outro conto lendário
De um ancião solitário
Pai do Saci Pererê
Negrinho que foi criado
Correndo, espantando gado
Sem ninguém saber por quê

O conto das açucenas
Que soluçavam na flora
O pastor que criou penas
Depois voou, foi embora
Outras lendas de um dragão
Que se criou no porão
De um oceano profundo
Um velho monge dizia
Que um dia ele saía
Pra devorar todo mundo

Dizia um certo vizinho
Que tinha havido uma data
Ninguém andava sozinho
Por causa do pai-da-mata
Velho do corpo cascudo
Alto, seco e cabeludo
Com um só olho na testa
Á noite sempre saía
De manhã se recolhia
Num grotilhão da floresta

Meus avós também diziam
Que em tempos de maré cheia
Os marinheiros ouviam
A canção de uma sereia
Era uma moça encantada
Fazia a sua morada
Em diversas regiões
Na hora em que cantava
Todo o mar se agitava
Sorvendo as embarcações

Adeus, meu tempo ditoso
De amor, sorriso e meiguice
Das estórias de Trancoso
Dos dias da meninice
De meus tempos de criança
Hoje só resta a lembrança
Se acaso fizer estudo
Os tempos são soberanos
A marcha ingrata dos anos
Passa liquidando tudo

O tempo em seu decorrer
Tudo desfaz e destrói
Depois, num mesmo poder
Tudo edifica e constrói
Em sua eterna pisada
Passando, deixa pra cada
Só o que for de razão
Não obedece a ninguém
Nos traz o mal e o bem
Só a meninice não.

João Batista de Siqueira "Cancão"
                                     
Fonte: Poema extraído do livro: “Palavras ao Plenilúnio” de Lindoaldo Jr. 

CANTIGAS ECANTOS

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