Dentre as curiosidades abordadas ao longo das
últimas postagens estão algumas referentes ao saudoso cantor, instrumentista e
compositor Jessé. Na postagem já publicada tive a oportunidade de falar um
pouco sobre o início da carreira deste nome que arrebatou milhares de fãs ao
longo de sua carreira, principalmente apos participar de um dos festivais
musicais promovidos pela Rede Globo, onde de modo singular deu voz a canção “Porto Solidão“. Outra canção citada ao longo da postagem anterior foi “Estrelas de papel“, canção composta para que Jessé participasse de um festival
internacional ocorrido nos EUA e de onde o artista voltou aclamado pelo juri
como vencedor e, diversas categorias.
Um fato curioso desta participação ocorreu
envolvendo o nome do então presidente norte-americano Ronald Reagan, que por
acreditar que a letra tratava-se de uma homenagem a ele mandou um telegrama
agradecendo ao artista brasileiro. Detalhe: a letra tratava-se de uma homenagem
a Charlie Chaplin… e Jessé acabou por esquecer os troféus no aeroporto de Nova
York.
Além dessa exitosa composição, o artista
acabou por registrar em disco também mais algumas composições de sua lavra como
é o caso das canções “Vento
forte” (parceria com
Onofre), “Cantar“, “Minha cidade“, “Farsante” e “O sorriso ao pé da escada” (outras parcerias com Elifas), “Oração da noite“, uma versão para a canção “Adágio
D’Albinoni“, entre outras.
Por falar em versão, Jessé é responsável por todas as presentes em seu disco
“Ao meu pai”, lançado em 1985 pela RGE e que traz temas religiosos.Vale
salientar que aos dez anos de idade o então pequeno Jessé já tocava violão e
órgão na Igreja organizada pelo pai acompanhando hinos e louvores, o que de
certo modo acabou por facilitar o seu ingresso no contexto da composição.
Antes do estrondoso sucesso com “Porto Solidão“, Jessé foi músico de baile (como costumava se auto definir) e neste
período que antecedeu sua carreira solo (durante quase 15 anos) chegou a ter
alguns registros fonográficos, dentre eles, alguns ao lado do Placa Luminosa
(grupo que ajudou a fundar ainda em Brasília). Um registro dessa época que fez
relativo sucesso na época foi a canção “Velho Demais“, cujo
compositor é o piauiense Clodô Ferreira, em parceria com o baiano Zeca Bahia
(um dos autores de “Porto
Solidão“) e fez parte da
trilha sonora da novela global “Sem lenço, sem documento”, exibida na emissora
carioca entre os anos de 1977 e 1978. Sem contar a sua incursão na música
internacional como Tony Stevens e registros como “If you could remember“.
Apesar do reconhecimento do público, Jessé
nunca ao longo de sua carreira obteve o merecido reconhecimento da chamada
crítica especializada. O descaso da crítica rendeu um texto escrito por Silvio
Lancelloti à época de sua apresentação no Teatro da Universidade Católica: “Durante 15 dias, Jessé encheu a plateia do “TUCA”, o Teatro da
Universidade Católica, no final de fevereiro, com o primeiro espetáculo de fato
em sua carreira. E só o companheiro Zuza Homem de Mello, do “Estadão” e da
“Jovem Pan”, lhe deu a merecida atenção“.
Outra queixa exposta na época veio do seu
maior parceiro, Elifas Andreatto, o extraordinário artista gráfico que dirigiu
a celebração de Jessé: “Eu
convidei duas dezenas de jornalistas para assistirem ao show. Ninguém, mas
ninguém mesmo, apareceu. Não queriam escrever? Tudo bem? Mas, ao menos,
deveriam ter aparecido para ver o que idealizamos e o que fizemos“. E por incrível que pareça ainda hoje essa
tal crítica especializada parece ignorar a existência dessa figura que, graças
aos ardorosos fãs, não acabou caindo no ocaso.
Prosódia Musical
Bruno Negromonte
Jornal Besta Fubana
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