A RECONQUISTA DO CASARÃO DOS PATOS.
O coronel Marçal Diniz possuía no então
distrito de Patos de Princesa, a 18 quilômetros da cidade, juntamente com seu
filho, Marcolino Pereira Diniz, uma fazenda localizada no sopé da grande serra
do Pau Ferrado, o segundo ponto mais elevado da Paraíba, com cota máxima em
torno de 1.120 metros de altitude e foi para esta fazenda que o comando da
polícia paraibana ordenou que Clementino Quelé atacasse a casa grande do
poderoso coronel. Este episódio é conhecido na região como o “Fogo ou Batalha
do Casarão dos Patos”. A ideia deste ataque visava dividir as forças do coronel
José Pereira, que teria de retirar homens da frente de combate de Teixeira- PB,
para socorrer os familiares da família Diniz que estavam no casarão, bem como
formar com as reféns uma espécie de cordão de isolamento, um escudo humano, que
objetivava garantir a segurança dos militares. No dia do ataque, 22 de março de
1930, Quelé e seus policiais, em número estimado entre sessenta para alguns, e
entre setenta a cem homens para outros, seguiram atravessando a zona urbana da
pequena vila de Alagoa Nova, hoje atual Manaíra- PB, e daí subiram a grande
Serra do Pau Ferrado. Ao passarem pela propriedade de Antônio Né, pessoa ligada
à família Diniz, no homônimo Sítio Pau Ferrado, assassinaram um cidadão por
nome Silvino, depois, desceram a serra. Na casa estavam entre outras pessoas,
às mulheres de Marcolino Diniz, Alexandrina Diniz, Dona Xandu, ou Xanduzinha, e
a de Luís do Triângulo, Dona Mitonha. Luís do Triângulo era um dos mais
valentes e destacados chefes dos combatentes de José Pereira. José Pereira e
Marcolino Diniz recebem a notícia da prisão de seus familiares. Eles tomam esta
ação como um acinte, uma falta de respeito e preparam o contra ataque. Ordenam
que uma parte de suas tropas que combatiam as forças policiais do governador
João Pessoa na região de Tavares- PB, se deslocasse para Patos de Princesa e
ordenam que os homens levem farta munição. Na noite do segundo dia após o bem
sucedido ataque de Quelé, a situação permanece inalterada. Segundo relatos dos
reféns, os soldados, com raras exceções, se portaram de forma vândala e
arrogante durante a ocupação. Na manhã do terceiro dia de ocupação, o céu se
apresentava nublado, os defensores do casarão estavam tranquilos, apesar da
tensão existente na região. É quando o primeiro tiro é detonado em um soldado
que vinha do Sítio Pedra e trazia um carneiro para abate, aí tem início um
inferno no “Casarão dos Patos”. A polícia estava cercada na casa, se defendendo
como podia, o sargento Quelé vai animando seus policiais em meio a uma intensa
troca de tiros e insultos entre as forças combatentes. Marcolino Diniz, à
frente dos seus homens, está com o “cão no couro”, comandando e disparando. Durante
a invasão é travado um forte combate corpo a corpo em cada uma das dependências
da casa. Gritos, pancadas, socos, pontapés, dentadas, tiros, facadas e sons de
lutas ocupam o ambiente. Os homens de Quelé procuram à fuga, mas estando o
casarão cercado, muitos são abatidos impiedosamente pelos combatentes de
Marcolino.Após isto, Marcolino e seus homens seguiram pelos vários recintos do
“Casarão dos Patos”, chacinando os policiais que não fugiram. Dos militares que
lá dentro se encontravam, não sobrou nenhum vivo, pois até o soldado que havia
salvado as mulheres, morreu no mesmo dia, devido aos ferimentos, quando era
transportado para a vizinha cidade pernambucana de Triunfo. Quanto a Quelé,
vendo-se acossado pelos homens de Marcolino e escutando o próprio caudilho dos
Patos de Princesa gritando dentro do casarão que “queria pegar Clementino e
matá-lo sangrado”, pulou do andar superior, juntamente com dois soldados e
juntos fugiram em direção ao canavial. Já era noite quando conseguiram chegar à
serra do Pau Ferrado, depois seguem para Alagoa Nova- PB.
Fonte Rostand Medeiros
(blog tok de História) Abaixo vemos fotografia
capturada pelo jornalista Marcos Brito, da então situação do Casarão da Fazenda Patos, tendo em sua
vista traseira a famosa Serra do Pau Ferrado, via de ascensão e fuga. Obs.: Foi
nesta serra que o cel. Florentino Diniz morreu.
Contribuição: Sálvio Siqueira
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