PARTE DA ENTREVISTA DO EX SOLDADO VOLANTE
"MARANCÓ"(ORESTO), QUE INTEGROU A VOLANTE DO TENENTE ZÉ RUFINO, AO
'JORNAL METRÓPOLE' EM SUA EDIÇÃO 96."(...)
Apesar de ter aderido ao cangaço por uma motivação pessoal,
Lampião acabou sendo reverenciado como salvador da pátria pelos nordestinos.
Como isso ocorreu?
Lampião era o defensor do povo. Tornou-se um herói aos olhos dos pobres e
miseráveis porque viam nele um sonho de liberdade e justiça. Nas execuções de
espiões e mortes de inimigos, ele nunca matou uma pessoa indefesa, não cometia
ato de covardia e de maldade. Lampião defendia o povo dos coronéis. Revoltado
com os volantes (caçadores de cangaceiros) que entravam na caatinga e metiam o
cacete no povo para descobrir os cangaceiros, matava muitos policiais. Além
disso, os policiais também entravam nas fazendas e saíam matando os bois para
alimentação e pagavam apenas 70 mi réis, que não valia nem a cabeça do boi.
Lampião era contra todo o tipo de repressão(...).Na força policial baiana, o
senhor cumpriu oito anos e três meses sob o comando de Zé Rufino, onde
participou de diversas batalhas. A principal delas foi a captura e morte de
Corisco (o último dos cangaceiros e mão direita de Lampião), em 1940. Como foi?
Corisco cortou o cabelo e trocou de roupa para não ser reconhecido, fugindo com
Dadá e outro casal de cangaceiros. Foram perseguidos e, quando Corisco foi
pular uma cerca, levou uma rajada na barriga. Ele morreu quando era
transportado no caminhão. Não deu um único grito. Nunca vi um homem como
aquele. Zé Rufino ainda disse a Corisco que ele deveria ter se entregado e a
resposta veio rápida: estou muito satisfeito desse jeito(...).Apesar de ter
participado da repressão dos bandoleiros, dá a entender que é admirador de
Lampião. Reconhece que seus colegas de farda batiam muito na população civil
que, frequentemente, ficava no meio do fogo cruzado entre cangaceiros e
policiais? Qual a sua análise sobre o assunto?
Fui militar, era pago para executar, mas nunca bati nem torturei ninguém. Sou
admirador de Lampião, um homem de coragem que saiu guerreando por todo o
Nordeste. Seus feitos acabaram se transformando em lendas. Suas vitórias eram
contadas e comemoradas com rezas por ele e por seus companheiros de
cangaço(...)". Fonte: Lampião aceso(Créditos para Ronnyeri, pesquisador e
membro das comunidades).
Colaborou: Sálvio Siqueira
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