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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

LITERATURA Morre a poeta e ativista Maya Angelou

Escritora americana tinha 86 anos. Ela foi encontrada morta por sua cuidadora

 / AFP

AFP

WASHINGTON - A renomada escritora, poetisa e ativista dos direitos humanos afro-americana Maya Angelou morreu aos 86 anos, informou a imprensa americana. O prefeito Mayor Allen Joines, de Winston-Salem, Carolina do Norte, informou à afiliada local da Fox TV que Angelou foi encontrada morta pela manhã por sua cuidadora.
"Ouça a si mesmo e, neste silêncio, você deverá ouvir a voz de Deus", escreveu ela recentemente em seu Twitter, em 23 de maio.
Nascida em 4 de abril de 1928, Marguerite Ann Johnson era descendente de uma família de escravos. Ela não teve uma infância fácil, tendo vivido na Califórnia, Arkansas, e Mississippi (St. Louis). Morava com a avó paterna Annie Handerson aos oito anos, quando foi estuprada por um namorado da mãe. O trauma foi tão intenso que ela perdeu a voz. Graças à dedicação de uma vizinha e o amor à literatura, conseguiu voltar a falar.
Maya nunca foi uma mulher comum, acomodada. Ao contrário. Na juventude, tornou-se mãe solteira e para ganhar a vida dirigindo ônibus em São Francisco – foi a primeira motorista negra profissional.
Adotou o nome artístico de Maya Angelou na década de 50, destacando-se como atriz e dançarina em montagens de sucesso como Porgy and Bess, Calypso Heatwave, The Blacks e Cabaret for freedom. Inconformada com a situação discriminatória e de exclusão política e social em que viviam os negros, participou ativamente de movimentos em prol do Civil Rights (Direitos Civis) ao lado de Martin Luther King Jr. e Malcolm X., enfrentando um Estados Unidos racista e segregacionista.
Nos anos 1970, engajou-se na luta de libertação de países da África, onde atuou também como professora. Autora de poemas, peças de teatro, autobiografias, seriados de televisão, ensaios e livros infantis, Maya Angelou diz escrever para a voz negra e para todos os ouvidos que podem ouvi-la, ou seja, não há barreiras para suas palavras. Em 1970, seu primeiro livro autobiográfico I know why the cage birds sings (Eu sei porque os pássaros cantam na gaiola) ganhou o Prêmio Pulitzer de poesia

Leia abaixo poemas de Maya Angelou

Ainda assim, eu me levanto

Você pode me riscar da História
Com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
Mas ainda assim, como a poeira, eu vou me levantar.


[...]Pode me atirar palavras afiadas,
Dilacerar-me com seu olhar,
Você pode me matar em nome do ódio,
Mas, ainda assim, como o ar, eu vou me levantar.


[...]Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e expandindo-se como a maré.


Deixando para trás noites de terror e atrocidade
Eu me levanto
Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.


No despontar desse novo dia
(Poema lido na posse do presidente dos EUA Bill Clinton)


A Pedra, o Rio, a Árvore,
Anfitriões de espécies já extintas
O mastodonte, o dinossauro,
Que deixaram marcas várias
De sua passagem por aqui
No chão do nosso planeta,
A urgência do seu crepúsculo
Há muito perdida na poeira do tempo.
Mas hoje, a Pedra nos chama a nós, claramente,
Vem, fique de pé sobre mim
E mire seu destino distante,
Mas não busque abrigo em minha sombra,
Que eu não o protegerei dos dias que passam.

Você, criado inferior aos anjos,
Que tanto se habituou à escuridão
Que por tantos anos viveu
Com a cara mergulhada na ignorância
Sua boca vomitando palavras
Carregadas de ameaças homicidas.

 A Pedra nos chama hoje,
Vem, fique de pé sobre mim,
Mas não esconda a sua cara.

Por detrás dos muros do mundo,
Um Rio canta um canto lindo. Ele diz,
Vem, descanse ao meu lado.

Cada um de vocês, um país sitiado,
Sofisticado e estranhamente orgulhoso
Mas movendo-se continuamente sob ameaças contínuas.
Suas intrigas fabricadas pela ganância
Deixaram montes de sujeira em minhas margens,
Ondas de detritos no meu leito.
Ainda assim eu os chamo hoje
Para que a guerra seja esquecida
Aqui ao largo do meu curso.


Vem, se aproxime em paz,
E eu cantarei o canto
Que o Criador me ensinou quando
Eu, a Árvore e a Pedra éramos um.
Antes que o cinismo fosse essa marca indelével em sua testa
E quando você ainda sabia que nada sabia.
O Rio cantava então, e ainda canta hoje.


Hoje, não há como não sentir a urgência
De responder ao canto do Rio e à sabedoria da Pedra.
Asiáticos, ticanos, judeus,
Africanos, índios,
Católicos, mussulmanos, franceses, gregos,
Irlandeses, rabinos, padres, sheiques,
Gays, heteros, pregadores,
Privilegiados, favelados, professores.
Eles ouvem. Todos eles ouvem
as palavras da Árvore.


Eles escutam a primeira e última das Árvores
Falando com a humanidade.
em para mim,
Aqui às margens do Rio.

E permaneça aqui comigo, às margens deste Rio.

Cada um de vocês, descendente
de um viajante, já pagou sua passagem.
Você, que me deu meu primeiro nome, você,
Tupi, Guarani, Yanomani, você
Nação Xingu, que descansou sobre mim,
Mas que então foi forçado a ganhar
A vida em empregos criados
Por outrem desesperados
Pelo ganho, famintos pelo ouro.


Você, turco, árabe, sueco,
Alemão, esquimó, escocês,
Italiano, húngaro, polonês.
Você, ashanti, yoruba, kru,
Comprou, vendeu e roubou
E acordou dentro de um pesadelo
Sem nunca ter deixado de sonhar.


Vem, se acomode junto a mim.
Eu sou a Árvore plantada junto ao Rio,
Que jamais sairá daqui.
Eu, a Pedra, o Rio, a Árvore,
Eu sou seu – sua passagem já foi paga.
Erga então seu rosto para o céu
E encare esta manhã que nasce para você.
A História e toda a dor que Ela carrega
Não pode ser desvivida, mas se encarada
Com coragem, não precisa ser vivida de novo. 


Erga seus olhos para o céu e repare
Esse dia despontando só para você.
Dê asas novamente
Aos seus sonhos adormecidos.


Mulher, criança, homem,
Agarre esse dia com as mãos
E o molde na forma do seu
Mais profundo desejo. Esculpa o dia
À sua mais própria imagem e semelhança.
Erga seu espírito.
Cada nova hora que chega promete
Possibilidades infinitas para um novo começo.
Não se deixe paralisar pelo medo
Ou aprisionar eternamente
Pelo ódio e a violência.
À sua frente o horizonte se expande
Agora, abrindo espaço
Para que você caminhe passos jamais antes ousados.
Aqui, no despontar deste novo dia
Olhe com coragem
Para o alto e para além de onde estamos,
A Pedra, o Rio, a Árvore, o seu país.
Não menos ao pobre do que ao rico,
Não menos a você agora do que ao dinossauro então. 


Aqui, no despontar deste novo dia,
Você deve olhar confiante para o alto e para além
E olhar também, fundo, nos olhos da sua irmã,
No rosto do seu irmão,
Do seu país,
E dizer simplesmente
Com uma esperança que já não cabe mais em si
Aquela que seria a mais banal das frases:
"Bom dia!"


Do JC Online

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